em consequência da mudança da família real para cá(23) Nota do Autor, donde a tormentosa série de convulsões desencadeada por quase todas as províncias, convulsões tão tremendas e de reflexos tão fundos que nos fez passar pela declaração de nossa independência sem a conquista da paz e sem a legítima noção de autonomia política, noção que só obtivemos nove anos mais tarde, quando coube à Vila Rica de Ouro Preto concluir, em parte, o objetivo da Inconfidência(24) Nota do Autor.
O fato é singular.
Havia estourado na bela capital mineira grave rebelião, e Pedro I, pensando em acalmar com a sua presença os descontentes, resolveu ir até lá. Ao receber a notícia, os vila-riquenses se prepararam para celebrar, no dia em que o soberano chegasse, solenes exéquias pela alma de Libero Badaró, que acabava de ser prostrado pelas balas dos opressores do pensamento liberal. De sorte que, quando o príncipe pisou o chão ouro-pretano, os sinos gemeram em dobres de finados...(25) Nota do Autor. D. Pedro sentiu o significado da recepção e retornou ao Rio sem disfarçar o acabrunhamento. Daí a célebre "Noite das Garrafadas", em que os portugueses, para desagravá-lo, agrediram os brasileiros com pedras e cacos de garrafas, e que culminou com o movimento que levou o primeiro Imperador do Brasil, na madrugada de 7 de abril de 1831, a abdicar em favor do filho Pedro II, criança de cinco anos e quatro meses de idade, verificando-se então, e só então, a emancipação política do Brasil. Porque o 7 de setembro de 1822 foi apenas a declaração de nossa independência.