a adolescência, os estudos, a formatura. De origem modesta, sentiu privações sensíveis na idade em que os sonhos florescem e da alma brota poesia. Entretanto, ninguém, na madureza dos anos, obteve maiores triunfos do que ele no âmbito político em que atuou como expressão das mais límpidas e prestigiosas do pensamento, da administração e do saber brasileiros. A par dessas ponderáveis prerrogativas - uma moral sem discrepâncias, força motriz do desassombro e da energia, da decisão e da clareza com que sempre agira.
Cabe aqui, para imediato conhecimento do leitor, a exemplificação de sua robustez moral e mental, com alguns instantâneos de sua vida, mesmo porque por eles melhor se verificará a precisão dos conceitos expendidos nesta premissa biográfica:
Era primeiro oficial de gabinete do Conselheiro Fernandes Torres, presidente da Província de S. Paulo. Esse Fernandes Torres era homem de nobre caráter, belo coração, como refere o conde de Afonso Celso, mas de gênio impulsivo, irritadiço, de rompantes esquisitos. E, porque assim o era, pôs-se a depreciar, certa feita, o antecessor, o Conselheiro Francisco Diogo Pereira de Vasconcelos, irmão de Bernardo Pereira de Vasconcelos. Afonso Celso, reconhecido pelo apoio que recebera do antigo presidente da Província, contestou, com polidez, os conceitos pouco honrosos de Fernandes Torres. O Conselheiro exaltou-se repentinamente. Mas o primeiro oficial de seu gabinete não recuou. Reprovou-lhe, mais grave e mais firme, o gesto deselegante. Fernandes Torres encolerizou-se:
- Cale-se!
- Perdão, peço-lhe. Mas não me posso conter, ouvindo acusar aquele com quem vivi e a quem devo este lugar.