Eis o testemunho, a certeza, o programa que vos ofereço.
Sofre eclipse o Direito, como os maiores astros; mas a sua trajetória fúlgida e fecunda, jamais se interrompe, obedecendo a um código preestabelecido, imanente, eterno, contra o qual impotentes e irrisórias são as veleidades rebeldes dos indivíduos e das povos.
Os atentados de que é vítima o Direito assemelham-se aos clamores insolentes lançados contra o sol pelos monstros bárbaros profligados pelo poeta. O deus prossegue impassível o seu caminho, derramando torrentes de luz sobre os seus obscuros blasfemadores.
Não é de agora que me alentam estas seguranças.
Há 23 anos, em 1886, quando não éreis ainda nascidos, e eu já tinha a honra de pertencer ao Senado do Império, encarregou-me o governo de elaborar um projeto de reforma das faculdades de Direito, aproveitando esclarecimentos fornecidos pelas congregações das duas únicas então existentes, a de S. Paulo e a do Recife.
Desempenhei-me da incumbência, escrevendo uma monografia que corre por aí impressa, e em que procurei propugnar doutrinas, cujo acerto o perpassar do tempo me corroborou.
Precisamos elevar o nível dos estudos secundários. Desde que recebam em seu seio alunos mal aparelhados, somente poderão os institutos superiores preparar medíocres, sem as habilitações precisas para as diferentes carreiras a que os diplomas dão acesso.
As perniciosas consequências da insuficiência secundária não se farão sentir desde logo, porém, mais tarde e no decurso dos longos anos, em que os diplomados de turmas ignorantes exercerem as profissões e cargos proporcionados pelo grau acadêmico.
Cuidando convenientemente do ensino secundário, o que mais concorre para o desenvolvimento da inteligência, e de cuja solidez depende o progresso da instrução ulterior, não se devem os poderes públicos preocupar do suposto ou real excesso de bacharéis ou doutores, oriundos das Faculdades oficiais ou livres.
O que importa é que os alunos se formem com habilitações.