Ouro Preto, o homem e a época

para fazer o seu Voto de Graças, conduziu, a certa altura, o assunto de maneira a tomar a defesa do colega de ministério e a constranger o crítico a definir-se, formulando as hipóteses do alcance da alusão feita. Bezerra Cavalcanti sente então a gravidade da insinuação e recua:

- Não disse isso.

- Então, a que veio a alusão?

- V. Excia. compreende-a perfeitamente.

- Não a compreendo, redargue Afonso Celso, e se não envolve uma censura passo adiante.

Bezerra Cavalcanti silencia. Ele prossegue, mas não sem justificar, primeiro, perante a Câmara, a atitude liberal de Lafayette, atentos os interesses nacionais(30) Nota do Autor.

***

Estava como líder dos liberais. Na Câmara, fala-se em interesses do norte e interesses do sul. Ele sentencia com a austeridade que lhe era peculiar:

- Não sei onde o Sul acaba, nem o Norte começa; só conheço no Império províncias, todas irmãs, com iguais direitos e iguais deveres!(31) Nota do Autor.

***

Na alvorada de 15 de novembro de 89, quando o Brasil não mais era, praticamente, monarquia, mas ainda não era, também, república, Afonso Celso, como chefe do último Gabinete do Império, estava no arsenal de Marinha, onde o encontraram os primeiros clarões da matina. Pronunciada a crise política, sugeriram-lhe uma entrevista com Deodoro, o que repeliu energicamente. Súbito, ouviu-se o passo firme e pausado do marechal e, logo após,

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