O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

Em outra parte já se fez referências ao valor do gado que transitava por Sorocaba, procurou-se fazer algumas comparações com outros valores conhecidos da época, comparações essas que não deixam de ser indicativas da importância do comércio de gado na Província de São Paulo. Como foi referido, o provável valor do gado em trânsito por Sorocaba nos primeiros anos da terceira década (1820 — entre 266:702$000 e 363:308$000, 1821 — entre 241:454$000 e 325:340$000, 1822 — entre 335:669$000 e 460:235$000) não estava tão longe dos referentes à exportação de açúcar por Santos (1818 — 447:285$840 e 1820 —564:487$000), não esquecendo que quanto à produção de açúcar defronta-se com uma cultura comercial que visa ao mercado externo e, por isso mesmo, fomentada pelas autoridades e atraindo muita gente, ao passo que as atividades ligadas ao gado se destinavam somente ao abastecimento do mercado interno. Este, embora já bastante apreciável, ainda não era suficientemente forte para criar atividades econômicas capazes de concorrer com as que visavam o mercado exterior. Dentro da estrutura interna do país, o caso específico do comércio de gado paulista e, é obvio, as outras atividades a ele vinculadas merecem um destaque especial pela importância que apresentam na época focalizada. Convém lembrar que, com relação às cifras citadas, foram tomados os preços referentes às reses nas áreas de criação e, na feira de Sorocaba, no que diz respeito aos muares. Quanto ao açúcar, o preço refere-se à última etapa da comercialização na Província, ou seja, no porto de Santos. Embora os preços se refiram a diferentes etapas de comercialização, foram utilizados por falta de outros. Além do mais, não existem estudos sobre outras atividades econômicas e seu valor na Província de São Paulo, de maneira que, apesar das restrições que se possa fazer, a comparação acima é, pelo menos, indicativa da importância do comércio de gado.

De qualquer modo, esse comércio era o responsável por uma circulação de capitais relativamente intensa, não só no espaço, isto é, de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro para os campos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas também pela passagem de uma atividade para outra, ou seja, do comércio para a criação, a condução e o fornecimento de invernadas, assim contribuindo para a formação de riquezas em áreas onde a agricultura de exportação não era praticada. No caso estudado ficou bem claro esse movimento de capitais, passando eles do comerciante para os condutores, para os donos das invernadas e para os criadores de reses e muares.

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