O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

comerciante, percebe-se, pelo menos, a importância do lucro auferido pelo contrato do "novo imposto".

O estudo realizado sobre o contrato de impostos e sobre o comércio de muares e de reses revela atividades de tipo empresarial no Brasil dos primeiros anos após a Independência, mas que ainda contêm muito da estrutura colonial. Dentro das condições que determinaram as estruturas sociais e econômicas desses tempos, o único tipo de empresário que poderia ter aparecido é o que se ligava ao comércio e à arrecadação de impostos. Antônio da Silva Prado revela-se como empresário nos setores abordados, dirige quase tudo por meio de cartas, enquadrando-se no que Sombart chamaria de desmaterialização do negócio, isto é, a fase em que a presença do comerciante não é mais necessária durante as transações.

Viu-se também que o comércio de gado na Província de São Paulo não era tão simples, contando com uma série de entraves, tais como as condições de trânsito das estradas, os problemas acarretados pelas desordens do sistema financeiro e pelas taxas excessivas que recaíam sobre os animais. Embora não esteja absolutamente completa, e enumeração das taxas durante todo o trabalho mostra a enorme tributação com que se sobrecarregava o preço dos animais desde sua área de criação até passarem por Sorocaba. Spix e Martius, e Saint-Hilaire, que visitaram Sorocaba nesse período mostram-se alarmados com a tributação que onerava esse gênero tão necessário para a economia do país. Saint-Hilaire, depois de enumerar vários desses impostos que recaíam sobre as bestas, comenta: "Os muares são, em imensa parte do Brasil, os únicos meios de transporte; sobrecarregá-los com tantos impostos prejudica, certamente, o comércio e a agricultura, que, no país, tanto necessitam de encorajamento"(3)3. Nota do Autor.

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