O BARÃO DE IGUAPE
Um Empresário da Época da Independência
Maria Thereza Schorer Petrone
Este volume não contém uma biografia do patriarca dos Prado. É um estudo monográfico de história econômica, da formação de um dos grandes patrimônios do país. É digno par de estudo semelhante, anteriormente elaborado pela mesma competente autora, sobre Antônio da Silva Prado, comerciante de açúcar.
Desta vez concentra-se a pesquisadora noutro ângulo. O estudo poder-se-ia chamar: Antônio da Silva Prado, comerciante de gado e arrematante de impostos (1817-1829).
Poucas vezes é possível, em nossa terra, elaborar pesquisas do gênero destas. Contam-se pelos dedos os estudos similares. Um acaso proporcionou a um especialista, o professor Luís Lisanti, a oportunidade de coligir e anotar, em cinco densos volumes, os Negócios coloniais (Uma correspondência comercial do século XVIII), editados patrioticamente pelo Ministério da Fazenda em 1973, mas de que os nossos pesquisadores ainda não extraíram todo o proveito. É a história de uma firma comercial.
Papéis do mais alto interesse para a compreensão da estrutura econômica do país são continuamente atirados às baratas, quando não se vendem aos quilos. Os nossos estudiosos ainda não se deram conta de que o estudo dos preços, dos salários, das transações comerciais, têm, para o conhecimento de uma época, interesse crescente. O que se preserva, quando ao menos se pensa em preservar algo, de um arquivo pessoal, são os atos oficiais, as patentes, os diplomas, exatamente aquilo que teve publicidade na imprensa ou nos boletins do governo. A correspondência íntima já dificilmente escapa ao velho falso pudor familiar: "Roupa suja, lava-se em casa", dizia um dos mais finos espíritos que labutaram no campo da História. E com esse grito de guerra consumiu no fogo um precioso arquivo de correspondência política do mais alto valor.
Há pouco mais de uma dezena de anos, reunidos em colóquio em Saint-Cloud, técnicos em história social ressaltavam a importância dos papéis notariais, de interesse aparentemente individual, para a compreensão da trama de uma sociedade e apelavam para