O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

era a mais difícil devido ao grande número de animais que por aí transitavam. Para isso, mantinha nessa localidade um cobrador de toda confiança. A partir de 1820 Antônio da Silva Prado e seus sócios do Rio de Janeiro tinham a seu cargo a arrecadação do imposto de Guarapuava, cobrado também sobre os animais que passavam por Sorocaba. A arrecadação desses impostos em Sorocaba deve tê-lo familiarizado com o comércio de gado.

Concomitante é o interesse de Prado pela arrecadação do "novo imposto" e do imposto de Guarapuava, e pelo comércio de gado vacum e muar. A cobrança de outros impostos — sisa, meia sisa, banco, dízimo e subsídio literário, nos quais também esteve interessado — nos campos do Sul da Província deve ter-lhe mostrado as grandes possibilidades desse comércio. Assim, quando comunica a João da Silva Machado ter arrematado a cobrança do dízimo em Curitiba, Lajes e São José dos Pinhais, chama a atenção sobre a grande "necessidade e carestia do gado no Rio de Janeiro" (7)Nota do Autor, devendo, portanto, a arrecadação ser rendosa, já que com a venda dos animais recebidos em pagamento do imposto se poderia auferir bons lucros. À medida que passa o tempo, percebe-se que está sempre mais envolvido no comércio de gado, e tal atividade, graças às cartas conservadas, pode ser estudada até os fins da década de 1820.

As primeiras referências a negócios de gado por parte de A. Prado são de 1817. Enviava pequenas tropas de bestas ou boiadas ao Rio de Janeiro ou servia de intermediário na compra de animais. Pouco depois de ter regressado do sertão baiano, pretendia remeter a seu irmão, em Caitité, 200 bestas, acreditando poder obter bons lucros (8)Nota do Autor. O momento para tal projeto, entretanto, não era propício devido à Revolução de 1817 em Pernambuco e ao envio de 1.200 bestas a Caitité por parte de outros comerciantes (9)Nota do Autor. Há outras referências à intenção de enviar bestas à Bahia, onde havia boas possibilidades de lucro, apesar da distância a ser percorrida. Com o tempo, todavia, o comerciante percebe que para fazer bons negócios não lhe era necessário ir tão longe: seu raio de ação podia manter-se entre os Campos Gerais, Sorocaba e Rio de Janeiro.

Naquele tempo, São Paulo ainda constituía um meio econômico acanhado. As oportunidades eram raras e as poucas atividades econômicas giravam em torno do comércio de gado e de açúcar. Pelas suas cartas entende-se que, tendo vindo com capital da Bahia, procurava atividades onde pudesse empregar e fazer render esse dinheiro, havendo constantes referências à falta de oportunidades econômicas em comparação com o sertão baiano.

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