O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

Pouco a pouco Prado participa ativamente do comércio de gado muar e vacum. Sua estada em Sorocaba para organizar a cobrança do "novo imposto", em março de 1818, talvez tenha contribuído para despertar-lhe o interesse por essa atividade. Em fins de 1818 envia 60 bestas ao Rio de Janeiro, onde o preço era muito bom. Pede a Lírio que o ajude a vendê-las a "engenheiros" conhecidos (10)Nota do Autor. Será, entretanto, a partir de 1820 que participará intensamente dessa atividade. Em setembro desse ano escreve a João da Silva Machado, tropeiro e bom conhecedor dos campos do sul da Província e do comércio de gado, pedindo-lhe conselhos, "como me é estranho esse negócio" (11)Nota do Autor.

Pode-se distinguir duas fases nesse comércio de gado: na primeira, predominam os negócios de reses, e na segunda, os de bestas. A mudança de interesse deve ter ocorrido entre os anos de 1822 a 1825, cujos copiadores de cartas infelizmente foram perdidos. O mecanismo dos dois tipos de comércio é bem diferente.

O comércio de reses é dirigido por Prado a partir de São Paulo, indo seu raio de ação desde os Campos Gerais — área produtora — até o Rio de Janeiro — centro consumidor. Tudo é feito por meio de cartas e Prado, funcionando como verdadeiro empresário, raramente entra em contato com vendedores e compradores. Envia emissários aos Campos Gerais para comprar animais diretamente nas fazendas, contrata condutores que acompanham as reses até o Rio de Janeiro e aí, um correspondente se encarrega de vendê-las.

Como se processava o comércio de bovinos naquela época? Ë interessante conhecer as suas etapas: o comprador dirigia-se às áreas produtoras — o "continente de Curitiba", no falar dos documentos — comprava os animais e providenciava ou a invernada ou a remessa deles para o Norte. As reses podiam ficar invernadas ou na área de Faxina — Itapenitinga ou nos arredores de Taubaté. Nessa última cidade Antônio da Silva Prado tinha uni correspondente que se encarregava ou da invernada ou da remessa dos bovinos para o mercado consumidor, ou seja, o Rio de Janeiro. Aí outro correspondente cuidava da venda dos bois.

Prado organizou, primeiro, o comércio com gado vacum e, a partir deste, penetrou no de muares. Escreve em setembro de 1820 ao sócio Francisco Mariano da Cunha, que se encontrava nos Campos Gerais com a missão de comprar bovinos e o fizera ver a vantagem da "compra de algumas pontas de mulas". E continua lembrando ao sócio: "...achando fazenda que lhe agrade e veja que nos pode fazer conta não deixe também de comprar, pois não devemos escolher qualidade de negócio mas sim aquele que mais interesse nos possa dar" (12)Nota do Autor. Na primeira fase, Prado

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