O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

sobre o preço e as condições de venda. Vez ou outra enviava bestas para serem vendidas em vilas do Vale do Paraíba ou no Rio de Janeiro, mas a maior parte dos negócios era realizada na feira de Sorocaba.

Tratava-se, certamente, de negócios mais ou menos seguros. A procura de animais — bestas e reses — estava em constante ascensão. A economia do Centro-Sul, em rápido progresso devido à expansão dos canaviais e cafezais, tinha necessidade de número sempre crescente de animais de carga, de bestas, portanto. Os bovinos destinavam-se, principalmente, ao abastecimento de carne fresca das populações da região, o Rio de Janeiro funcionando como maior mercado consumidor. Senhores de engenho e cafeicultores fluminenses e paulistas foram os maiores compradores de bestas nesse período pois utilizavam-nas no transporte de seus produtos até os portos de exportação. Além do desenvolvimento econômico que desde fins do século XVIII mudou o aspecto da área, a vinda da família real em 1808 causou transformações radicais no modo de vida dos brasileiros. De nível de vida melhor, mais exigente quanto aos padrões de conforto e de facilidades, o brasileiro dessa área torna-se grande comprador de animais de carga e de corte. Não se deve esquecer o crescimento da cidade do Rio de Janeiro a partir de 1808. Grande parte do comércio de gado bovino de Antônio da Silva Prado destinava-se ao corte nesse centro consumidor. Era constante a procura de animais de corte e de carga, razão por que os negócios desse tipo deviam ser muito lucrativos e seguros. O próprio Prado escreve em 1826 a seu correspondente na Bahia que se tem dedicado mais aos negócios de bestas "por ser mais seguro presentemente que os de barra fora". Não havia perigo de que um lote de animais ficasse encalhado à espera de compradores, o contrário do que acontecia, por exemplo, com o açúcar paulista, que, às vezes, chegava a estragar no porto do Rio, por não encontrar quem o quisesse comprar.

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