O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

comerciava com muares quando se lhe apresentava uma boa oportunidade. Comprava-os nos campos do Paraná, então pertencentes à Província de São Paulo, ou mesmo em Sorocaba, e remetia-os quase sempre às "vilas do Norte", isto é, o Vale do Paraíba, ou ao Rio de Janeiro. Eram esses negócios realizados sem muito sistema ou planejamento anterior. Assim, por exemplo, em 1820, envia 220 bestas ao Rio de Janeiro de sociedade com João Francisco Vieira. Era este a pessoa encarregada em Taubaté de receber as boiadas que se destinavam ao Rio de Janeiro e providenciar sua invernada ou a sua marcha para o mercado consumidor, como se verá mais tarde. Aparecem ainda notícias de negócios esporádicos, relativos a bestas, feitos com outros sócios. Vai ser, entretanto, em fins de 1824 que organizará seu comércio com muares.

Na segunda fase de seu comércio de gado, baseado quase exclusivamente em muares, Antônio da Silva Prado tem um sócio: João da Silva Machado, futuro barão de Antonina (13)Nota do Autor. Influente e grande proprietário nos Campos Gerais, sargento-mor de ordenanças na vila do Príncipe, atual Lapa, Machado dedicou-se com muito interesse ao comércio de gado, além de ser também criador (14)Nota do Autor. Notabilizou-se, igualmente, pelas expedições que dirigiu para o reconhecimento de áreas desconhecidas, principalmente dos sertões do oeste paranaense. Várias vezes esteve ligado à abertura de estradas ou ao seu melhoramento (15)Nota do Autor. Nessa sociedade, Machado funcionava como comprador de animais e o futuro barão de Iguape como vendedor em Sorocaba. O primeiro, morador em Lapa, permanecia quase sempre nos campos do Sul e o segundo dirigia os negócios a partir de São Paulo, deslocando-se para Sorocaba por ocasião da feira, isto é, nos primeiros meses do ano. De gado, Prado pouco entendia. Assim, escreve a Machado, que estava de partida de Sorocaba com destino a Curitiba: "bom será que antes de sua partida trate aí com o Braga para ele se incumbir do manejo das tropas na futura feira, que aí devo estar, justando por um tanto pois eu não tenho inteligência senão para segurar a venda e preço, quanto a pastações e outras providências de que demandar tais negócios não está a meu alcance, como sabe" (16)Nota do Autor.

Criador, tropeiro, explorador, bom conhecedor de todo o Sul do país, o futuro barão de Antonina era o sócio ideal para Antônio da Silva Prado. Ambos tinham capital suficiente para se lançarem em grandes negócios de animais. Em geral, Machado comprava-os no Sul e encarregava-se de organizar a marcha das bestas para Sorocaba. Prado dirigia a fase final desse comércio: organizava a recepção dos animais em Sorocaba, arranjava compradores, decidia

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