III
O CAMINHO DO SUL E O AFLUXO DE ANIMAIS A SOROCABA
O Sul do Brasil oferecia, graças à existência de campos naturais, condições extremamente favoráveis ao estabelecimento da criação de gado. Os campos do atual Estado do Paraná, então ainda pertencente a São Paulo, e os de Lajes em Santa Catarina, pouco a pouco foram sendo ocupados por fazendeiros, criadores, principalmente de gado vacum e cavalar; os muares, porém, embora também pudessem ser criados aí, tiveram seus principais centros produtores nos campos e nas campinas do Rio Grande do Sul.
A organização do sistema viário que ligava as áreas de criação às consumidoras criou, portanto, uma infraestrutura necessária para o comércio e foi facilitada — é óbvio — por essas áreas de campos que se sucedem no Brasil Meridional com algumas interrupções e que, de certa forma, são uma continuação das campinas do Rio Grande do Sul e da região Platina. O estudo da organização dessa rede viária e da circulação dos animais criados no Sul do Brasil é imprescindível para a compreensão da comercialização do gado e de seus problemas.
Ligados estreitamente à circulação do gado, os campos oferecem ainda outra função: a de "estação-invernada". Os campos que se sucedem desde Vacaria no Rio Grande do Sul até Sorocaba fornecem, portanto, condições favoráveis ao estabelecimento de três funções: criação de gado, circulação e estabelecimento de "estações-invernadas". Assim, nos campos aparecem verdadeiras "estações-invernadas", onde o gado, quando tem que percorrer grandes distâncias até alcançar os centros consumidores, encontra pastos para descansar, engordar ou simplesmente esperar a época favorável à continuação da marcha. As invernadas nesses campos, principalmente na parte mais setentrional, também funcionam como reguladoras do fluxo de gado, obedecendo às necessidades dos mercados consumidores.