O Barão de Iguape; um empresário da época da Independência

Dentro desse quadro Sorocaba ocupa, graças à sua posição privilegiada no limite setentrional da área de campos, lugar de destaque com relação à circulação de tropas e boiadas, servindo, inclusive, para "estação-invernada", já que ao norte são mais raras as pastagens. A parada obrigatória das tropas de muares e das boiadas no limite setentrional dos campos para descanso, sem dúvida pode explicar o aparecimento, em Sorocaba, da famosa feira e do Registro destinado a cobrar diversos impostos sobre os animais que por aí transitavam.

Nada mais natural que o aproveitamento das áreas de campos para ligar São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, área de criação de bestas e de fronteira disputada por espanhóis e portugueses. O caminho do Sul, aberto por volta de 1733, basicamente se aproveitava desses campos, que facilitavam a marcha do gado e podiam funcionar como "estações-invernadas". Além disso, constituíam uma região favorável à criação de reses e de muares, para os quais se contava com um escoamento seguro.

Não se deve esquecer, entretanto, que o caminho do Sul não percorre somente áreas de campos. No Sul do país os campos alternam-se com matas bastante extensas e suficientemente densas, criando problemas à circulação do gado, já por se tornar difícil a construção e conservação do caminho, já pela inexistência de invernadas. Basta lembrar a famosa "estrada da mata", que, como o nome indica, atravessa a área coberta por matas espessas, entre Curralinho, ao sul de Lapa, e Timbó, ao norte de Lajes. Segundo uma descrição do caminho para o Rio Grande do Sul, de 1811, infere-se a importância das áreas de campos para a marcha do gado: "Todo o mais caminho assim de Santo Antônio da Lapa até Curralinho, como do Timbó até Lajes é composto de campos, restingas e pinheirais soltos e por isso transitável e ainda é melhor das Lajes para diante depois que a necessidade fez abandonar o caminho da esquerda, denominado o caminho de Santo Antônio da Patrulha, que ia ter à Serra do Viamão e seguir o da direita, denominado o Caminho Novo de Vacaria por uma campanha aberta e continuada planície...", havendo apenas pequeno trecho de três léguas de difícil trânsito devido à floresta até chegar às "missões", como escreve o autor do documento (1)Nota do Autor.

São Paulo conquistou dentro do quadro brasileiro posição de destaque com relação à "indústria do transporte", a partir da abertura do caminho do Sul, na quarta década do século XVIII, porquanto constituía passagem obrigatória das bestas criadas no Rio Grande do Sul e das reses dos Campos Gerais que demandavam os centros consumidores do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e, inclusive, de São Paulo.

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