dos fatos — no que fomos favorecidos pela natureza da principal fonte de que nos valemos: o jornal.
A propósito dos jornais como fonte, desejamos ressaltar que encontramos dificuldades várias, a par da abundância de informações, revestidas de vida e emoção, em contraposição à frieza e omissão dos processos judiciários e outros documentos oficiais.
Essas dificuldades prenderam-se particularmente a alguns fatores como a seleção das informações face à própria profusão do noticiário, a extrema liberdade de imprensa na ocasião, o partidarismo exacerbado que não deixa espaço para a moderação, fazendo com que as informações tenham sempre que ser cuidadosamente filtradas dos extremos antagônicos, incorrendo-se muitas vezes no silêncio sobre certos aspectos, a fim de que a impossibilidade de discernir com segurança os interesses dos grupos empenhados, e que os jornais representam, não viesse em prejuízo da verdade histórica.
Consultamos cinco dos principais jornais da capital do Estado, que se ocuparam fartamente dos episódios: O Estado de S. Paulo, Diário Popular, Correio Paulistano e A Platea, cujas coleções completas podem ser encontradas no Arquivo Público do Estado de São Paulo e na Biblioteca Pública Municipal "Mário de Andrade", e O Commercio de São Paulo, na referida biblioteca e no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Infelizmente não foram conservados jornais de Araraquara da época.
Além dos jornais, as principais fontes primárias a que recorremos foram os relatórios da Secretaria da Justiça, do chefe de Polícia e da Repartição de Estatística, encontrados na Secretaria da Justiça e no Arquivo Público do Estado de São Paulo, as Atas da Câmara Municipal e Comissões de Alistamento Eleitoral, em poder do Museu Histórico "Voluntários da Pátria" de Araraquara, particularmente úteis para a reconstituição do jogo das forças políticas locais e nos Cartórios do Júri e do 1º Ofício, processos-crimes e outras ações judiciárias ligadas, diretamente, ao caso ou aos antecedentes e às personagens envolvidas.
O processo movido contra os acusados dos "linchamentos" compõe-se de três volumes, com quase 700 folhas manuscritas, relativamente bem conservados, arquivados no Cartório do Júri, danificada apenas uma pequena parcela dos 2º e 3º volumes, sem que isso se constituísse em embaraço para a pesquisa. Se, por um lado, o processo foi fonte segura, porque oficial, por outro e, pela mesma razão, não ofereceu os detalhes paralelos de que os jornais são tão ricos. E é exatamente o caráter de certo