Poder local na República Velha

aspecto sombrio que tomou a cidade, provocando mudanças de não poucas famílias para outras partes.(12) Nota do Autor

Pelos prejuízos que o "luto das casas" viesse causando ao bom nome da cidade, ou, mais provavelmente, por se tratar de uma manifestação de hostilidade da oposição, o poder público municipal acabou baixando ato proibindo o uso de pintura preta no exterior das casas.

Em 1907, a propósito de momentosa questão do julgamento da concorrência para a iluminação elétrica, que dividia a Câmara Municipal entre os interesses de dois concorrentes, a imprensa local, demonstrando mal-estar pelo desprestígio que afetava o nome da cidade nos últimos anos, manifestaria desta forma a sua preocupação com o problema: "(...) Araraquara já tem a infelicidade de gozar de péssima fama fora daqui; agora, que com esforço e sacrifício de ideal, se vai fazendo desaparecer esse mau nome, recomeçam as lutas derrubando essa grande obra de paz para a qual todos temos obrigação de concorrer (...)".(13) Nota do Autor

Quando, no período de Dario de Carvalho à testa do governo municipal, se deu a urbanização do Largo da Matriz, com o ajardinamento e a instalação de um chafariz até hoje existente, as obras, na época, foram interpretadas como ditadas pelo interesse de apagar das lembranças os tristes episódios de 1897, através da total alteração do cenário onde haviam ocorrido. Logo após a inauguração do chafariz, a águia metálica que encima a obra de arte, amanheceu, certo dia, pintada de preto. Um jornalista negro, escrevendo em jornal da oposição, diria que "a águia era um corvo, atraído ao local que ainda exalava à carniça e a água do chafariz eram as lágrimas vertidas pelas inocentes vítimas".(14) Nota do Autor

Tratando de tema bem diverso — o trabalho servil no Brasil — Caio Prado Júnior teve a seguinte expressão, a fim de manifestar a dificuldade em se avaliar a importância que em cada momento se deu ao problema: "(...) A ausência de manifestações expressas não significa sempre esquecimento ou desprezo; mas, pelo contrário, muitas vezes, excesso de preocupação (...)".(15) Nota do Autor

A citação vem ao caso a propósito da situação muito frequente com que nos defrontamos, ao pretender ouvir antigos

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