Poder local na República Velha

PODER LOCAL NA REPÚBLICA VELHA

Muito se tem escrito acerca da formação oligárquica da política do país na Primeira República. O desaparecimento da alternativa partidária no Segundo Reinado agravou imediatamente a criação de uma trama perfeita e fortíssima dentro da qual se processava a vida de cada município, conjugada com um arcabouço que mantinha o país sob uma aparência de perfeita estabilidade.

O presente estudo é um exame feito pelo micrótomo de um fato policial, à primeira vista sem grande importância para a vida da Nação.

O que é preciso compreender, para ter uma visão da vida social e política do país, na época, é que o fato aqui examinado em minúcia não passa de um exemplo do que ocorria, mutatis mutandis, em quase todo o território do Brasil. O poder das oligarquias era incontrastável. Daí o desânimo que foi dominando grande parte da mocidade que aspirava a reforma, e a criação de um estado de espírito gerador dos movimentos de desespero, provocadores da mudança pelas armas do arcabouço dominador.

O que representa o esforço de pesquisa do autor é facilmente verificável por uma rápida consulta. Tudo que era possível consultar para perfeito esclarecimento do evento foi percorrido. Primeiro, as obras gerais que têm estudado a atmosfera política do país; segundo, as peças arquivais, em geral tão maltratadas entre nós; finalmente, o depoimento pessoal das testemunhas restantes, tomado com o maior espírito científico.

O trabalho não vale, pois, somente como um exame em minúcia de um acontecimento. É uma demonstração de como deve ser feita a análise de pequenos fatos, sem os quais é vã qualquer

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