então se dizia), e ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia. O tipo de sua inteligência devia conduzi-lo muito mais às letras e ao direito que às ciências exatas. Mas nesse tempo não havia faculdades de Direito senão em São Paulo e no Recife, o que exigia maior esforço financeiro. João Barbosa formou-se, pois, em medicina. Mas a sua vocação era a política. Nunca fez carreira como médico. Prestou bons serviços à população na epidemia de cólera, foi até Ilhéus a serviço da saúde pública, tentou ingressar no magistério da Faculdade, apresentando uma tese escrita em estilo castigado, à moda dos clássicos portugueses que estudava nas bibliotecas, mas a clientela não veio. (2) Nota do Autor
Em 1837 houve uma revolução na Bahia chamada Sabinada (porque seu líder era o Dr. Francisco Sabino Alvares da Rocha Vieira). Nela era figura preeminente um tio afim de João Barbosa, o Dr. João Carneiro da Silva Rego, que ocupou a presidência da efêmera República. O filho de Silva Rego, primo-irmão de João Barbosa, foi Ministro da Justiça da revolução. João Barbosa, então estudante de medicina, entrou no movimento e serviu no gabinete do Governo Revolucionário, escandalizando e indignando os parentes ricos. Mais tarde ingressou no Partido Liberal Baiano e foi soldado disciplinado do chefe liberal Manuel Pinto de Sousa Dantas. Trabalhou na imprensa partidária, onde escrevia com entusiasmo, foi deputado provincial, deputado geral e, durante muitos anos, Diretor da Instrução Pública da Bahia. Foi ele que organizou o Liceu Provincial. Nada disso lhe trouxe dinheiro. Teve sérias inimizades fora e dentro de seu partido, sempre dividido em alas e subalas. No fim da vida pensou em fazer-se industrial. Arrendou um terreno e montou uma olaria na Plataforma, nos arredores do Salvador. Como era de prever-se, o que ele chamava de calistismo, e que não era mais que sua vocação não orientada, conduziu-o à falência exatamente quando mantinha, com sacrifício, o único filho varão, Rui, como estudante de direito na Academia de São Paulo (que era como então se chamava geralmente a Faculdade de Direito). Morreu pobre, vivendo do modesto emprego de Secretário da Santa Casa, nomeado pelo provedor, seu chefe e amigo, o Senador Dantas.
Era um homem pequenino, severo, extremamente bem-educado, mas terrível adversário e polemista perigoso. Por isso os inimigos chamavam-no "frasquinho de veneno". Educou os filhos