A consciência didática no pensamento pedagógico de Rui Barbosa

das novas condições econômicas, políticas e sociais da sociedade brasileira.

No capítulo destinado à análise da classe média e de sua intelectualidade mais expressiva, verificaremos os argumentos lógicos, sistemáticos, eruditos de Rui Barbosa acerca da "Reforma Geral do Ensino", abrangendo o primário, o secundário e o superior, apresentados por ele como relator parlamentar da Comissão de Instrução Pública, incumbida de examinar a reforma decretada em abril de 1879 pelo ministro Leôncio de Carvalho para os ensinos primário e secundário da Corte e o superior em todo o País(7) Nota do Autor: seus pronunciamentos e crítica aos mais variados aspectos da educação primária, aos vícios antigos de nosso sistema educativo; seus pontos de vista a propósito da escola laica e da escola popular; seu entendimento sobre o papel do Estado em face da educação, bem como a necessidade de ser ampliado o orçamento da educação e de ser criado o Ministério da Instrução Pública; suas preocupações, ainda tão atuais, a respeito da função do ensino técnico e profissional para um país que deveria desenvolver-se rapidamente, eliminando-se as formas arcaicas de estruturação econômica. Todos esses aspectos constituem, enfim, no nosso entender, a primeira tomada de consciência da intelectualidade da classe média brasileira em matéria de ensino. A educação gera a "grandeza econômica do país", afirmaria Rui. Seus projetos de reforma educacional constituem, em certa medida, a base introdutória da formulação dos primeiros planos de modificação educacional, tendo em vista o despontar das novas condições de transformação da sociedade brasileira, o qual viria, após a Guerra do Paraguai, favorecer os grupos médios urbanos. Talvez a atual perspectiva, oferecida pelo recuo no tempo, nos faça descortinar tal identificação ideológica com uma determinada classe, então constituída também por uma intelectualidade que vinha desempenhando idêntico papel na luta pela libertação dos escravos e na implantação dos ideais republicanos. Os professores, poetas, funcionários e jornalistas, além de intelectuais, religiosos, advogados não-proprietários de terras, muitos militares que não eram "capitães do mato", desempenhavam a mesma função social e mantinham, na complexidade das ações e reações proporcionadas pelos seus papéis sociais, idênticas aspirações entre si.

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