identificada com o papel da classe média brasileira, em ascensão.
A forma de estruturação dos capítulos, aqui adotada, foi idealizada de maneira a facilitar ao leitor chegar sempre às conclusões parciais procuradas, evitando-se deste modo repetições ociosas e ineficazes no final da obra.
Por outro lado, cumpre-nos reafirmar que nos auxiliou, neste trabalho complexo de exegese, uma diretriz metodológica que se confunde, em larga medida, por força de nossa formação intelectual, com os métodos e técnicas explicativas oferecidas pela sociologia do conhecimento, no seu propósito de compreender e explicar as ideias como funções de dados sociais.
A sociologia do conhecimento de Mannheim procura delinear um método para o estudo das ideias como funções de implicações sociais, procedendo ao exame do parentesco entre o pensamento e seu meio social. E as categorias básicas da sociologia do conhecimento, como acentua Ernest Mannheim, no prefácio da obra Essays on the Sociology of Culture, podem ser resumidas por intermédio de quatro variáveis, a saber:
1ª) a situação, uma comunidade, nação, revolução ou classe, às quais procuramos dar sentido através de conceitos que representam respostas interpretativas a situações dadas;
2ª) o indivíduo que está particularmente implicado na situação e forma, consequentemente, sua imagem dela. Tais implicações podem incluir interesses de ocupação, pretensões políticas, laços de parentesco, rivalidades e alianças econômicas, numa palavra, um grande número de conexões superpostas de grupo;
3ª) o conjunto de imagens que os indivíduos ou grupos adotam;
4ª) finalmente, os destinatários a quem a imagem é transmitida, incluindo sua compreensão peculiar, os símbolos e o vocabulário próprio.
Tais variáveis são interdependentes, no seu processo de idealização, observando-se, pois, que o mesmo objeto é concebido de maneira diferente em situações diferentes.
O grande sistematizador da sociologia do conhecimento tinha bem clara a consciência crítica quando se referia, por exemplo, à inter-relação entre circunstâncias sociais e pensamento, ao afirmar que posições econômicas levam, necessariamente, a uma concepção idêntica da sociedade, tão incerta como a suposição recíproca de que a circulação estabelecida de certas ideias determina as opiniões que indivíduos ou grupos têm de sua situação.