A consciência didática no pensamento pedagógico de Rui Barbosa

nações do mundo eram as de maior progresso comercial e industrial. Da mesma forma que compreendeu o papel da reforma da economia brasileira, Rui, na educação, partiria da ideia de que "a base de todas as reformas, a origem de toda a prosperidade e a condição de toda a grandeza num Estado é a cultura intensiva e extensiva do espírito popular mediante a mais sólida e completa organização do ensino". Era a afirmação mais tangível e progressista, porque antecipadora das novas exigências econômicas e sociais do País.

Por outro lado, a pesquisa crítica da forma, curso e direção do desenvolvimento pedagógico nacional, tal como se verificou objetivamente na realidade social, por intermédio da seleção de amostras expressivas de estruturas escolares existentes, dos programas de ensino dominantes com suas correspondentes instruções metodológicas, tais como foram organizadas e postas em execução nos estabelecimentos de ensino primário, secundário ou superior, mostraria o quadro geral da contradição entre as preocupações pedagógicas e didáticas de Rui e aquilo que objetivamente se processava na prática escolar, toda ela voltada para a cultura exclusiva da memória, vulgarizando uma didática rotineira e mecânica, com professores não sabendo ensinar ou pensar.

Essa crítica, aliás, como teremos ocasião de demonstrar nos capítulos destinados à análise da consciência didática no pensamento pedagógico de Rui, ele a faria também em relação aos outros setores da vida cultural e científica, que permaneciam como que de costas para mais de três séculos de progresso científico do mundo ocidental europeu. Nesse sentido, Fernando de Azevedo(9) Nota do Autor, em magistral introdução interpretativa ao estudo das ciências no Brasil, aponta claramente as causas fundamentais do nosso atraso em relação à penetração do espírito científico na vida cultural e educacional de nosso País. Diz ele: "Tudo se passou como se o Brasil, mesmo na fase mais recente de sua História, se tivesse mantido estranho, quase totalmente alheio ao movimento que se processava, com uma força incoercível, na Europa, e, a partir da segunda metade do século XIX, também nos Estados Unidos. O espírito científico e os verdadeiros métodos faltaram no Brasil".

Não seria sem razão, portanto, que os planos de reforma dos três ensinos iriam dormir na Câmara dos Deputados, enquanto Rui lá esteve, e acabariam, como ele mesmo teve ocasião de dizer, passando "ao mofo e traçaria dos arquivos". Não fora Rui que, no preâmbulo com que apresentou a tradução de "Lições de

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