aparecendo e devem merecer nossa atenção no decorrer do desenvolvimento do presente estudo explicativo e crítico. Trabalhos sociológicos mais recentes, tais como os do professor Florestan Fernandes e de L. A. Costa Pinto, bem como dos novíssimos sociólogos da nova geração universitária paulista, ou seja, Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso, com seus trabalhos As Metamorfoses do Escravo e Capitalismo e Escravidão, respectivamente, retomam, sob novos aspectos e com instrumental metodológico apurado, as velhas linhas de investigação dos trabalhos dos mestres pioneiros, interessados nas obras de síntese e de interpretação histórica global.
2. Posição metodológica geral
Num clima de tantos trabalhos de real importância cultural e relevância científica, preocupamo-nos, como já afirmamos na "Introdução", em formular uma caracterização do pensamento pedagógico de Rui Barbosa, particularmente no que diz respeito às suas reflexões didáticas e técnicas de ensino, sugeridas nos seus trabalhos publicados sobre educação, bem como nos manuscritos, com o fito de apresentar uma face da mentalidade progressista da classe média urbana da sociedade brasileira.
Veremos que as características do pensamento pedagógico de Rui, como tentaremos demonstrar, efetivamente dependem dos problemas criados pela condição social e emocional de sua formação, do papel que seu pai veio desempenhar, de modo profundo, na estruturação de sua vida intelectual e na modelação do seu caráter e civismo, desde seu nascimento até sua maturidade, quando publica seus famosos "Pareceres" e, logo mais tarde, quando desempenha a função de ministro da Fazenda no governo provisório.
Eis aí a dimensão temporal de sua vida e o aspecto de sua produção intelectual que mais nos preocupará. Sua vida, sua participação atuante nos principais movimentos sociais que empolgavam determinados círculos da sociedade brasileira e algumas de suas obras, mais de jornalista e de pedagogo, demonstram, no período de tempo que começa em 1870, aproximadamente, e vai terminar por ocasião de seu discurso no Colégio Anchieta, uma fase característica, singularíssima no conteúdo e na forma, do processo geral mais amplo da formação e desenvolvimento da intelectualidade representativa do agrupamento mais progressista da classe média urbana brasileira.
Essa classe média não tinha, como ficou afirmado na "Introdução", a direção política do poder, nem a direção da política econômica do País, ainda firmemente identificada com os interesses