mais poderosos dos proprietários rurais ou fazendeiros de café, que a Revolução de 1930 iria desvincular de seus tradicionais compromissos e comportamentos, diante das novas exigências do progresso social e econômico do Brasil.
A rápida passagem de Rui Barbosa pelo Ministério da Fazenda, precisamente quando surgia a República, era, até há bem pouco tempo, para os que desconhecem a obra de Rui, um dos pontos mais discutidos e mal interpretados da vida pública do grande tribuno. Em capítulo especial, dedicado às relações entre o pensamento pedagógico e o seu pensamento econômico, procuraremos também demonstrar que na esfera da economia, como no terreno das finanças, as ideias que Rui Barbosa expendeu confirmam plenamente nossa análise de que o pedagogo do progresso, o "estadista do progresso", foi também o "estadista da nossa independência econômica", pois elaborou, como assevera Humberto Bastos na sua obra Rui Barbosa, Ministro da Independência Econômica do Brasil, "um programa de construção econômica e estruturação financeira que foi, sem a menor dúvida, o único em toda a nossa história".
Nosso esforço crítico, ao repensar a obra pedagógica de Rui, procura também indicar algumas objetivações da formulação de uma didática mais brasileira, no sentido de que, mesmo recebendo influências estrangeiras, ela se identifica com as necessidades mais urgentes de um ensino objetivo, ajustado ao progresso das ciências, das técnicas e das artes.
Se a erudição, o brilho verbal foram as grandes constantes da educação secundária e superior do seu tempo, Rui soube apontar as novas direções didáticas e pedagógicas para reorganização de um sistema de educação mais condizente com uma sociedade que se urbanizava, que aumentava seus índices demográficos e devia acompanhar mais ativamente os sinais do progresso tecnológico e industrial das grandes nações.
Na história da educação brasileira, precisamos assinalar esse aspecto real, nítido, que só seria configurado, de modo mais sistemático, quando o crescimento demográfico, o aumento da renda nacional per capita e a industrialização em expansão aumentaram sensivelmente o índice de urbanização de nossa sociedade, refletindo-se e projetando-se, muitas vezes de modo anárquico, na superestrutura educacional do País.
A virtualidade da consciência didática ruísta está precisamente nesta antecipação do tipo de ensino de que necessitamos. Fez o seu diagnóstico e apresentou uma terapêutica. É preciso compreender que seus escritos não adivinharam a atitude mais correta