A consciência didática no pensamento pedagógico de Rui Barbosa

produção sempre inferior ao da grande maioria dos países do mundo, sendo incapaz a classe senhorial, proprietária, de se transformar numa burguesia capitalista, "patrocinadora da economia nacional". Como esclarece a história social deste período, a mineração, o comércio, os transportes estavam sob o domínio do capital estrangeiro. Os senhores proprietários das grandes glebas de terra, os latifundiários, em outras palavras, representavam o papel de intermediários na aplicação daqueles capitais, resumindo-se sua ação econômica à produção do açúcar, do cacau, do café ou do algodão. Em última análise, este sistema econômico manterá na agricultura uma organização semifeudal de relações sociais e de formas de produção, que constituirá um dos maiores obstáculos ainda apontado em nossos dias — ao desenvolvimento social do País.

Ao mesmo tempo que o século XIX marcava a maior era de engrandecimento da Inglaterra vitoriana e o início de grande prosperidade material e hegemonia política para a Alemanha, França e Estados Unidos, com a intensificação da segunda grande etapa da Revolução Industrial, marcada pela associação do ferro e do carvão-de-pedra, o Brasil se incorporava, como tributário, nesse processo geral de desenvolvimento da civilização ocidental. Incorporava-se, como de resto, toda a América Latina, de forma subordinada, dependente, condicionado que estava à prática da monocultura agrícola, com o sistema escravocrata de trabalho e de exploração da terra.

A segunda metade do século XIX foi, num balanço sumário, período áureo do latifúndio, que se alastrava por imensas glebas, e o sistema social correspondente foi o colonialismo, que se apresentava, nas suas múltiplas interações sociais, fecundado principalmente pelo braço escravo. E, dentro desses dois componentes socioeconômicos básicos, iria surgir a aristocracia dos barões do Império e, com ela, o seu poder de liderança política e econômica, como manifestação típica da estrutura agrária e semifeudal do Segundo Império. Tal poder político, nas mãos da oligarquia agrária, funcionará como forma de capitalismo de Estado, para a conservação do latifúndio. O Conselho de Estado era formado, na sua maioria, de grandes proprietários rurais.

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