CAPÍTULO III
A classe média urbana
Classe média, setor progressista da sociedade
Historicamente, a partir de 1860 verifica-se sensível ascensão das condições de vida de certas classes da população e despontam alguns progressos na organização técnica do País, tais como estradas de ferro, incipiente mecanização das indústrias rurais, surgimento de algumas manufaturas. Como expressaria Caio Prado Júnior, neste período o Brasil tomaria, pela primeira vez, conhecimento do que fosse o progresso moderno e uma certa riqueza e bem-estar material, graças ao desenvolvimento da lavoura cafeeira e da inversão de capitais ingleses(18) Nota do Autor. Mas aquelas forças sociais, representadas pelos elementos da aristocracia rural, não eram capazes, ou não desejavam, realizar as reformas e as mudanças sociais e políticas consideradas indispensáveis ao avanço da sociedade.
Com o surgimento da classe média urbana, destacando-se mais particularmente o setor dos intelectuais, dos jornalistas, dos escritores e tribunos, o meio social brasileiro apresentará uma nova e ponderável força, capaz de antever as reformas exigidas pelas transformações internas e compreender a função renovadora e crítica das novas correntes do pensamento, da filosofia e da política que empolgavam os grandes centros, como o positivismo, o evolucionismo, os ideais abolicionistas e republicanos. Apesar de não representar quase nenhuma força de capital econômico, como ocorreu em países europeus(19) Nota do Autor, o setor mais ativo da nova classe social, o da intelectualidade, vai desempenhar significativa tomada de consciência progressista como aplicação de técnica de desmascaramento das circunstâncias ou fatores de conservação social. O germanismo da escola de Recife e o Manifesto Republicano são os primeiros sintomas reveladores desta posição ideológica dentro do contexto mais complexo