A consciência didática no pensamento pedagógico de Rui Barbosa

que, talvez, "a mudança não fosse conveniente ao País, em virtude de seu atraso"(20) Nota do Autor. "Eu, no fundo, sou republicano, era o que se dizia, esclarece o prof. Cruz Costa, sem grande ou mesmo nenhuma convicção; era o que se apregoava, sem que se fizesse esforço para que as coisas realmente mudassem..."(21) Nota do Autor

Entretanto, no meio dos liberais, dos reformadores, dos abolicionistas, dos federalistas e dos republicanos, vamos encontrar pertinazes e convincentes intelectuais, que compreendiam o papel do pensamento e da ação correspondente. Benjamin Constant, Rui, Tavares Bastos, Miguel Lemos, Teixeira Mendes, Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho ou Silva Jardim, para não apontar outros, foram representantes consequentes da intelectualidade progressista daquele período histórico. Muitos eram descendentes de gente humilde e quase todos pertenciam à incipiente classe média urbana em formação, salvo, talvez, a figura de um Joaquim Nabuco, batalhador da emancipação dos escravos, que pertencia à família rica, identificada nas suas origens com o regime imperial, que se fez democrata e abolicionista, ou ainda Eduardo Prado, de cultura dilettanti, que permaneceu aristocrata, de formação cosmopolita, mas que irá participar de uma obra audaciosa para a época, de destruição política, lutando por uma linha nacionalista contra a influência do constitucionalismo federalista norte-americano, rompendo com a República recém-fundada, assinalando o perigo dos militares na política, defendendo, finalmente, a monarquia como garantia da unidade nacional.

Não é nosso propósito básico, neste trabalho, focalizar demoradamente a questão da consciência de classe dos setores ou da classe média urbana dos fins do século XIX, o papel público que desempenhou, sua função econômica, seu estilo de vida, seu comportamento psicológico, enfim, a consciência coletiva de classe, assim como seu sentimento de solidariedade contra as outras classes, suas formas positivas ou negativas e as consequentes interdependências de todos estes fatores no próprio processo de evolução da sociedade brasileira como um todo. Tarefa realmente extraordinária, a ser realizada ainda por trabalhos monográficos de estudiosos treinados cientificamente nas técnicas de pesquisa e análise sociológica.

A noção de consciência de classe tem história e está submetida a um clima de polêmica no meio da Sociologia contemporânea. A indagação sobre o "porquê" das diferenças individuais e de grupos de indivíduos que ocupam posições diferentes no espaço social tem-se

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