o indianismo e o romantismo, nas letras, como serão mais tarde o abolicionismo, o republicanismo, o liberalismo e o federalismo à americana, na política.
Como consequência mais viva, com o surgimento lento, mas irreversível, na história brasileira, da classe média urbana, na segunda metade do século passado, dentro dos quadros sociais da velha sociedade de base agrária e conservadora, temos a sua participação nos acontecimentos mais destacados da época: a abolição da escravatura e a implantação da nova ordem republicana, bem como a criação de obras originais na vida artística, literária e educacional, nesta última, principalmente, com a mensagem reformista de Rui.
As realidades econômicas e sociais que serviam de apoio ao processo de desenvolvimento da classe média, nos fins do século passado, desapareceram; ficaram aquelas linhas de força da mecânica do aparecimento da referida classe social em conflito com as oligarquias estaduais da Primeira República, principalmente a mais poderosa política e economicamente, a oligarquia paulista do café. Em 1930, mais objetivamente, depois da Revolução, a classe média brasileira, agora muito mais efetiva e atuante, encontrará, ao lado de forças populares da cidade, novas condições sociais e políticas para participar de novos acontecimentos políticos: novos movimentos intelectuais, que renovarão nossa crítica literária e histórica, permitindo o surgimento de uma nova dimensão humana e social na ficção brasileira, ,contribuindo para o aparecimento dos primeiros planos nacionais de reorganização da vida econômica e administrativa da vida nacional, de planos de legislação social e trabalhista, além da possibilidade de criação de novas instituições educacionais, como o Ministério da Educação e Saúde, a Reforma Geral do Ensino ("R. F. Campos") e o surgimento de documentos de educadores que solicitavam reformas ajustadas às novas exigências de progresso e renovação social e econômica, como aconteceu com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
Feitas estas observações, que demonstram o papel da classe média no processo de renovação e progresso da sociedade brasileira, é possível caracterizar a vinculação do pensamento pedagógico de Rui com suas origens sociais de homem da classe média brasileira, em formação no Segundo Império e fundamentar sua personalidade de "estadista do progresso" e de pensador pedagógico reformista(28) Nota do Autor.