Devoção e escravidão. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos no Distrito Diamantino no século XVIII

próprios estabeleciam.(11) Nota do Autor E algumas vezes o governo foi em socorro dos súditos contra a ganância dos dizimeiros, como resulta, por exemplo, dos termos da Carta-Régia de 20 de janeiro de 1777,(12) Nota do Autor que aludiu a protestos originados dos abusos que se praticavam contra os roceiros.

Mas o fato de os dízimos serem apenas um imposto entre tantos outros que se pagavam ao Rei, não diretamente utilizado no sustento dos padres, gerava um impasse. Numa Pastoral de 1719 do Bispo do Rio de Janeiro, que estendia sua autoridade à região das Minas, dizia esse Prelado, criticando os padres:

"E considerando este dezordenado excesso da paga das ditas conhecenças e que estes se podião originar de não terem constituido a estes Vigarios Congruas para a sua Sustentação (...)".(13) Nota do Autor Mas ao mesmo tempo procura o Bispo encontrar as razões de tais abusos.

O problema das Côngruas permanece em todo o decorrer do século XVIII. Os padres que deveriam recebê-las endereçam a Lisboa pedidos e reclamações, como este de 1767, onde consta que se lhes não têm pago "os duzentos mil reis cada hum anno de congrua".(14) Nota do Autor Tal situação deixava os membros do clero numa humilhante dependência e muitos se voltam para uma cobrança excessiva das "conhecenças", conforme o diz o Bispo no texto que citamos anteriormente. Essas "conhecenças" eram taxas que os padres cobravam pelas confissões, comunhões e outros atos dos fiéis. Apesar de estabelecidas por Lei as quantias a que tinham direito para a administração dos sacramentos, havia, no entanto, numerosos abusos.(15) Nota do Autor

No Bispado de Mariana, que abrangia a maior parte da Capitania de Minas, inclusive o Distrito Diamantino, havia imensa sobrecarga de impostos. As "conhecenças" soavam como algo a mais, excessivo e indevido, uma vez que a população já pagava sua contribuição à Igreja sob a forma de dízimos.

Entretanto, nem mesmo para a construção de templos era possível contar com a Metrópole. Para tanto a população contribuía, não raro com boa vontade, demonstrando seu orgulho por

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