essas realizações, ao contrário do que sucedia com as "conhecenças", que provocavam rebeldia e inconformismo.
Os Bispos de Mariana procuraram por todas as formas resolver a situação, dirigindo apelos ao Rei, recriminando os padres, proibindo que se cobrassem taxas excessivas para a desobriga (confissão e comunhão anual) e para os enterros.(16) Nota do Autor Além de abusiva, nessa cobrança não se faz diferença entre os livres e os escravos, pelo que nos mostram as queixas como a seguinte: "Parochos levão 30 reis de cada pessoa, seja livre ou Escrava (...)".(17) Nota do Autor No último caso a taxa afetava os proprietários, pois tinham por obrigação pagar as "conhecenças" para seus cativos, daí suas reclamações. Não deixa de ser curioso verificar que, ao menos nesse particular, eram eles considerados iguais aos amos.
Por seu lado, o governo também procurava dar uma satisfação aos seus súditos e, em represália aos Bispos, exigia providências. Em geral, porém, sem resultados satisfatórios. Nem seria possível obtê-las nesse contexto.
Mas há outras reclamações governamentais contra os religiosos, sobretudo a respeito de questões de soberania.
O poder civil queixa-se da interferência de Vigários e Bispos, em coisas que considerava da alçada temporal. O fato de os Bispos poderem administrar justiça, mandando colocar a ferros os que consideravam merecedores de tal castigo,(18) Nota do Autor também suscitava questões. Os eclesiásticos, por seu lado, reclamavam muitas vezes contra a interferência civil em seus assuntos. A disputa entre os dois poderes é constante no decorrer do século XVIII, apesar de não faltarem casos em que colaboraram. Isto sucede quando os padres fulminam do púlpito as pessoas que, deixando de pagar o que devem ao Estado, dão motivo à derrama, prejudicando todo o povo. Sobre o caso há mesmo certa Pastoral, insinuada pelo Rei, em que se explica ser grave pecado tal omissão, que viria a prejudicar toda a coletividade.(19) Nota do Autor
De todos os problemas surgidos entre os eclesiásticos e os civis, o mais importante, porém, diz respeito à entrada e permanência de padres regulares nas Minas. É muito conhecida a aversão que as autoridades portuguesas demonstraram às Ordens Religiosas, impedindo-lhes a permanência em tais regiões. Nesse ponto