dizendo que "pretendem eximirse da jurisdição do seo Parocho para fazerem as funções que intentão" (...).(35) Nota do Autor
Lisboa reclama energicamente contra qualquer ato praticado sem prévia consulta ou aviso. Em 1765, por exemplo, todas as irmandades recebem uma carta onde se menciona uma Provisão Real e é copiada nos Livros, a fim de que se tome dela conhecimento e se passe a agir de acordo com o que nela se ordena. Diz o seguinte:
"(...) uma ordem da mesa da Cociencia o senhor Procurador e mais oficiais da Mesa da Irmandade do santo digo de Nossa Senhora do Rozario dos Pretos que Sua Magestade Fidelissima mandou por Provizão de 18 deste anno expedida pelo seu Tribunal da Mesa da Conciencia e Ordens que sejam notificadas todas as irmandades e confrarias deste continente... para irem ao mesmo Supra Tribunal confirmar os seus compromissos (...)."(36) Nota do Autor
Essa medida suscitou uma série de questões, pois várias irmandades não haviam pedido ao Rei aprovação de Compromissos. Tiveram de fazê-lo, alegando ignorância como desculpa pela omissão. Para as irmandades de pretos essa justificativa parecia aceitável e, muitas vezes, dela se utilizam para escapar a reclamações e quiçá a punições.
A Realeza foi bastante incisiva no exigir o envio de todos os Compromissos a Lisboa, acentuando que "todas as Irmandades e Confrarias do Estado do Brasil eram de Sua Régia Jurisdição como Grão-Mestre e perpétuo Administrador da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo" (...).(37) Nota do Autor Reclama, também, quando tal confirmação não é feita através da Mesa de Consciência e Ordens, como aconteceu com a Irmandade do Rosário do Serro. Ao confirmarem suas leis em 1729, recorreram os pretos ao Bispo do Rio de Janeiro e isso só será notado e criticado pelo governo em 1765, quando se acentua a intromissão do poder real. A reclamação deve ter sido muito severa, pois não apenas se conformam os irmãos com a ordem, pagando as custas da confirmação de Compromisso, como fazem um juramento, colocando a mão direita sobre a Bíblia, de como nunca aceitarão outra "jurisdição que a do mesmo real senhor".(38) Nota do Autor
Era como uma desforra da Coroa, depois da indiferença ou pouco zelo demonstrados anteriormente!