Sem dúvida, ao governo agradavam tais demonstrações de força, bem como as tendências para se solenizarem e tornarem-se sagradas as relações entre os súditos e o "real senhor".
A população, por seu lado, sentia-se lisonjeada e prestigiada com a aprovação régia. Cada confraria, ao reivindicar direitos, buscar vantagens, dava a aprovação como prova de uma obrigação de cumprirem, mesmo os padres, os vários itens desses regulamentos.
O Rei não se limitava, porém, a intervir nos Compromissos, questão vital por constituir a própria Lei que regia as irmandades. Até os mínimos pontos eram controlados sem excluir sequer as anuidades cobradas. Não podiam estas serem aumentadas ou diminuídas (caso mais comum depois da decadência da região), sem prévia aprovação de Lisboa.
Além disso, nada do que se fizesse, nas cidades ou em sertões distantes, devia escapar à ação governamental. Não apenas tomavam conhecimento os poderes competentes, da construção de igrejas mais importantes, como foi o caso, por exemplo, da Sé de Mariana;(39) Nota do Autor mesmo a simples mudança de localização de qualquer templo deveria ser comunicada e explicada. Isso aconteceu certa vez no Rio das Mortes e o Ouvidor Francisco José Pinto de Mendonça viu-se obrigado a expor que a freguesia crescera muito e a mudança era conveniente à população.(40) Nota do Autor
Também, quando os homens pretos da Irmandade do Rosário do Arraial de Gouveia, no Distrito Diamantino, tiveram meios de construir sua capela, recorreram ao Provedor das Capelas e Resíduos daquele Distrito. Concedeu-lhes este apenas uma licença de dois meses e os fez prometer que pediriam provisão à sua Majestade, pois de outro modo a licença seria retirada. A advertência foi tão séria que os pretos do arraial não deixaram de cumprir o prometido.(41) Nota do Autor
Outro assunto passível de fiscalização dizia respeito aos bens das confrarias. Nada podia ser feito nesse sentido sem licença prévia. Quando a Ordem Terceira do Carmo de Vila Rica quis hipotecar casas que lhe pertenciam, não o pôde fazer antes de obter permissão.(42) Nota do Autor Também quando os irmãos de S. Francisco de Mariana pretenderam usar com outros fins casas que serviam para