quando empreenderam à sua custa a abertura da rua que de sua Igreja levava à Matriz do Pilar, por ocasião do "Triunfo Eucarístico".
De resto, nas Minas do século XVIII, o profano e o religioso mantêm estreita ligação, como em muitos setores da Europa Medieval, onde os grêmios mecânicos não eram divorciados do culto dos santos, nem lhes faltava base piedosa. Os festejos religiosos e a devoção não levavam, porém, ao esquecimento dos necessitados do grupo, que contavam com as caixas pias, e nem se abandonavam à procura de prestígio social conseguido por meio de construções imponentes, de festas grandiosas.
A união da Monarquia Portuguesa com o Grão-Mestrado era de molde a manter a ligação entre o religioso e o profano, envolvendo todas as questões em uma quase sacralidade, levando a população a encarar tudo como parte da ação divina na terra.
Mas até que ponto as irmandades brasileiras divergem dessas organizações do passado, quais as diferenças que se poderiam notar entre elas e as corporações de ofícios e antigas confrarias, ou em que sentido criaram modelos novos, são perguntas de difícil resposta. Haveria necessidade de se empreender um estudo pormenorizado dessas organizações em Portugal e em nosso país e, finalmente, na Capitania de Minas Gerais. Esse estudo comparativo resolveria problemas do mais alto significado e não deixa de constituir campo fértil a pesquisas futuras.
As irmandades religiosas do Reino procuraram integrar toda a população, inclusive os representantes das raças exóticas, como mouros, pretos e até índios que afluíssem eventualmente a Portugal. Desde os primórdios tentou-se sujeitá-los ao catolicismo e a irmandade foi, para tanto, um dos meios mais eficazes. As confrarias de pretos logo se tornaram numerosas em quase todas as comunidades urbanas do Reino e nem ali faltaram associações de indígenas americanos, como a de "S. Tomé dos Índios", na época de D. João IV. A escolha desse santo para protetor desses grupos se deve ao fato de que, segundo a hagiografia popular, esse apóstolo estivera na América e no Brasil, deixando em alguns pontos sinais de sua passagem.(6) Nota do Autor
Tanto em Portugal como no Brasil, as confrarias mais comuns são as dedicadas ao Santíssimo Sacramento e no Reino a Confraria das Almas é numericamente importante. Apesar de que em nosso país o culto aos mortos tivesse sido bastante popular, como veremos posteriormente, essa associação não encontrou tanto favor entre