patriarcais dessa espécie -, contam como aberturas a uma ascensão socioeconômica de afronegros que, em conjunto, pode-se dizer terem constituído antecipações nada insignificantes ao Treze de Maio. Com esse significado e com esse efeito, merecem a maior atenção de quem analise o que foi o processo abolicionista no Brasil, que precedeu, quase sem ruído, ao festivo Treze de Maio. Que o precedeu. Que o antecipou. Que, em datas menos celebradas que a de 88, começou a dar oportunidade a escravos brasileiros, ao se tornarem livres, a iniciarem um novo tipo de vida e de atividade, favorecidos, por vezes, pelas famílias patriarcais a que haviam pertencido.
Feliz do país que, como o Brasil, pode encontrar nos seus anúncios de jornais relativos a escravos - antepassados de tantos brasileiros de hoje - tão puras evidências de tantos deles terem sido mulheres e homens eugênicos e até belos. Pois o fato de terem sido escravos não degrada, à distância de mais de um século, o que neles foi eugênico ou o que nas suas formas de corpo, nos seus característicos psicossomáticos anotados nos mesmos anúncios, nos seus olhos, nas suas aparências, foi, além de estético, expressivo. Expressivo de inteligência. Expressivo de personalidade. Expressivo da própria capacidade de resistência a opressões.
São escravos muitos dos que parecem se oferecer, através de anúncios de jornais do século passado, ao exame atento, à observação arguta, ao apalpar por dedos idôneos, não de compradores, mas de analistas desses seus característicos, de suas figuras, que nos esclarecem quanto ao que, da parte deles, africanos e descendentes de africanos, foi contribuição antropossociológica para a formação, em vários casos, eugênica, estética, de um tipo nacional de homem. Um tipo nacional de homem cada dia mais inconfundivelmente metarracial no que apresenta, não de repúdio, mas de superação a qualquer origem étnica ou racial assimilada pelo Brasil ou integrada nele, de traços étnicos e culturais característicos do Brasil; e projetados sobre a gente brasileira através de uma aliança de um processo biofísico com o cultural. Processos de cujos resultados no século XIX os anúncios de jornais relativos a escravos são, vários deles, os que indicam nesses escravos ou miscigenação ou aculturação. Uma e outra significativas de sua integração na vivência e convivência brasileira. Testemunhos antropossociológicos nada insignificantes, os dos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, sobre os começos dessa integração através de formas de relacionamento senhor-escravo.