História de um engenho do Recôncavo. Motoim – Novo Caboto – Freguesia; 1552-1944

Faltava àquelas fábricas o olhar permanente do dono que não bastavam relances.(6) Nota do Autor

Cotegipe acabou fixando-se com a família no Rio de Janeiro, e, para o fim, já não dirigia diretamente - visitava os engenhos.

A última vez que esteve em Freguesia, se não há engano, foi em 1883.

Em 17 de junho de 1886 casava-se Maria Luísa com o dr. João Ferreira de Araújo Pinho, político, parlamentar, antigo secretário da presidência da Bahia e deputado provincial, ex-presidente da província de Sergipe, e então deputado geral pela Bahia; e com esse casamento Freguesia passou da administração do barão de Cotegipe para a de Araújo Pinho, já senhor de outros engenhos, por si e como tutor de dois filhos do seu primeiro matrimônio.

Em má época entrava Araújo Pinho a dirigi-lo.

A campanha abolicionista ia em seu auge e tanto mais perturbadora da vida dos engenhos quanto mais próximos estes da Cidade do Salvador.

Passava a lavoura por crescente crise e não poucos senhores diligentes e que estavam à testa de seus estabelecimentos só conseguiam aumentar, ano a ano, dívidas aos comissários.

Os de Cotegipe tinham sido Paulo Pereira Monteiro e, posteriormente, a firma Marinhos & Comp., chefiada pelo conde de Pereira Marinho e seu filho o visconde de Guaí, comerciante, político e deputado geral, a quem daria João Alfredo uma pasta de ministro em 1889, quando reorganizou o gabinete que tomou a responsabilidade de decretar a abolição da escravidão no país.

Sobre Freguesia e Jacaracanga pesavam dívidas, que urgia pagar. Uma venda em boas condições extinguiu as de Jacaracanga, cujas terras passaram a novos senhores, desfazendo-se o engenho modernizado em que o barão depositara tantas quanto malogradas esperanças. O débito de Freguesia a Marinhos & Comp. foi liquidado.

Uma assistência mais assídua do novo senhor dava, às vezes, impressão de ir ressurgir, como em seus grandes dias, engenho, cheio de tanta tradição. Mas o novo dono, como seu antecessor, era político - obrigado a frequentes ausências, absorvido também por outras administrações.(7) Nota do Autor

E a grande crise de trabalho se agravava dia a dia. Cada barco que chegava trazia urna notícia dos expedientes revolucionários de Carigé, o Antônio Bento da Bahia: fugas de cativos, acoutamento de evadidos das senzalas, ousadias e rebeldias de escravos.

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