O ouro brasileiro e o comércio anglo-português. Uma contribuição aos estudos da economia atlântica no século XVIII

da alta entre 1507-10 e seu ápice em meado do século XVII quando, pela inversão da tendência, a baixa se precipita até o início do século XVIII. Assim, o ápice do sistema mercantilista encontra-se no início da tendência para a baixa dos preços, na França colbertiana e na Inglaterra, após o Ato de Navegação.(1) Nota do Autor

Buscando as causas da inversão da tendência secular medieval para a mercantilista, aquele Autor a explica através de uma série de modificações estruturais de ordem geográfica, política, espiritual, demográfica e socioeconômica:

a) De ordem geográfica: após as grandes descobertas, as nações economicamente dominantes começaram a colonizar e explorar os novos mundos.

b) De ordem política: com a formação e o desenvolvimento dos grandes Estados modernos da Europa, surgiu o mercantilismo, que traduziu no plano econômico as aspirações de riqueza e de independência. Através da intervenção do Estado regulamentaram-se as trocas comerciais, no sentido de se obter uma balança de comércio equilibrada.

c) De ordem espiritual: opondo-se ao espírito de resignação da Idade Média, a mentalidade renascentista trouxe a exaltação do individualismo, levada ao extremo pela Reforma, no plano religioso. Os elementos mais dinâmicos, economicamente falando, na opinião de G. Imbert, encontravam-se na Europa Ocidental entre os reformados.

d) De ordem demográfica: embora não se possuam dados suficientes para o estudo do movimento demográfico europeu, sabe-se que entre 1450 e 1550-1660 houve um surto demográfico, ao qual se seguiu, até 1710, uma recessão provocada pelas guerras, epidemias e fome que reduziram a população europeia a um nível vizinho ao de 1450.

e) De ordem socioeconômica: a consequência do descobrimento do metal precioso americano - o afluxo de prata - foi "a causa permissiva" do desencadeamento da alta geral de preços, criando o ambiente favorável às grandes transformações econômicas, e permitiu um aumento gigantesco dos impostos, pelos quais o Estado arrancou dos particulares considerável riqueza, que foi colocada em circulação. O crescimento

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