do poder real, além de reduzir os direitos e as prerrogativas da nobreza, contribuiu para a instalação da burguesia sobre as ruínas do feudalismo.
G. Imbert, reconhecendo no afluxo dos metais preciosos americanos a causa primordial para o arranco da alta do movimento secular da economia mercantilista, permite-nos concluir que a redução daquele fluxo foi um dos fatores básicos para a inversão da tendência que conduziu à recessão no movimento secular. Realmente, verifica-se através dos estudos de Hamilton que a aportagem de metal precioso na Espanha entre 1503-80 é contínuo e crescente; de 1581-1630 atinge um nível cuja média é 2.200 toneladas anuais e nos decênios seguintes a tendência é para a queda, reduzindo-se nos anos de 1651-60 a apenas 443 toneladas em média, ou seja, quase o mesmo nível de igual década no século anterior.(2) Nota do Autor
Da comparação entre o perfil do movimento secular e o contorno do afluxo de metal precioso, podemos concluir que o primeiro é praticamente regido pelo segundo.
Como consequência da diminuição do afluxo de ouro e prata americanos, a disponibilidade de metal precioso tendeu a estacionar, enquanto as necessidades financeiras persistiram num ritmo crescente. Do descompasso das duas tendências resulta a redução dos lucros e a retração, ocasionando o afrouxamento dos preços, que caracteriza os períodos de recessão. Os Estados, não possuindo os recursos necessários para a sua política, alimentam a inflação, ao recolher as moedas circulantes para recunhagem, o que provoca a depreciação de seu valor.
Além do perfil do fluxo de metal precioso, os estudos de G. Imbert demonstram, ainda, a coincidência e o paralelismo entre a curva demográfica e o perfil do movimento secular. Ao analisar tal fenômeno, esse autor identifica o mecanismo da recessão demográfica no período pré-capitalista, através de uma relação de causa e efeito entre crescimento ou redução populacional e o desenvolvimento ou contração da agricultura.(3) Nota do Autor
Condicionados o crescimento demográfico e a produção agrícola, torna-se fácil perceber a correlação entre variações climáticas ou flagelos naturais como a fome e seus efeitos sobre a demografia.