O ouro brasileiro e o comércio anglo-português. Uma contribuição aos estudos da economia atlântica no século XVIII

crise não se configurou apenas em Portugal e seu império. Como veremos a seguir, estudos de economistas e de historiadores têm identificado uma crise na economia mundial nos anos de 1771-72 e 1787.

Antes porém, é necessário destacar os eventos que se processaram no bojo desta crise e que se projetaram na evolução da história do Atlântico.

Na Inglaterra, a Revolução Industrial ensaiava seus primeiros passos com a invenção da spinning jenny por Hargreavers (1765) e da water frame por Arkwright (1767). Em seguida, James Watt constrói sua máquina a vapor (1767), aplicando-a na produção industrial (1775). Novo impulso foi dado com a construção da mule jenny por Crompton (1779).

No Atlântico, o ciclo das revoluções se inaugura com a luta pela independência dos Estados Unidos (1774). Pela primeira vez o poderio britânico sofreu uma derrota no século XVIII, quando em 1782 teve de reconhecer a independência das suas colônias americanas.

Porém, uma outra revolução se desencadeia na Inglaterra com a publicação da Riqueza das nações de Adam Smith (1776). Nova mentalidade caracteriza a Inglaterra nas três últimas décadas do século.

A rivalidade anglo-francesa começou a dar lugar a uma aproximação entre as duas potências após a Guerra de Independência dos Estados Unidos e do Tratado de Versalhes em 1783. Neste sentido, o ministério Pitt, já orientado pelo liberalismo, abriu as perspectivas para um tratado comercial com a França e foi com este objetivo que William Eden chegou a Paris em 1786, entabulando conversações com o governo francês representado por Gerard de Rayneval. Em 26 de setembro do mesmo ano, um acordo foi assinado por ambas as potências e que se tornou conhecido como o Tratado Eden-Rayneval. Entre suas cláusulas, uma era dedicada aos vinhos franceses que passavam a pagar uma taxa de importação de 29 libras e oito xelins, em lugar de 96 libras, quatro xelins e um pêni por tonel. A redução brutal do imposto sobre o vinho francês rompia o monopólio português sobre o mercado inglês.(8) Nota do Autor

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