O ouro brasileiro e o comércio anglo-português. Uma contribuição aos estudos da economia atlântica no século XVIII

O Tratado Eden-Rayneval enquadra-se perfeitamente na nova conjuntura, e demonstra claramente o desinteresse inglês por Portugal. A era regida pelo ouro e pelo Tratado de Methuen chegara ao fim.

5.2 - O OURO NA CONJUNTURA BRASILEIRA

Nossa análise da situação do império português, na segunda metade do século XVII, estabeleceu a relação entre o que os historiadores da economia europeia denominam de fase de baixa na tendência secular mercantilista e o que os historiadores brasileiros e portugueses têm denominado a "crise do açúcar" ou o final do "ciclo" do açúcar. Sendo este o produto dominante na economia do império português no século XVII, seu desenvolvimento regeu o comércio, quer na direção do Atlântico sul, quer nas relações com a Europa.

A recessão econômica, gerando a contração dos mercados europeus, afetou diretamente o comércio do açúcar na medida em que a redução do poder aquisitivo na Europa determinou a diminuição do consumo do produto. Além disto, a produção de similares, estimulada em outras áreas por outras potências coloniais, colocou o açúcar brasileiro em concorrência, principalmente com a produção antilhana, enfrentando a baixa geral dos preços no mercado europeu, em situação desvantajosa.

Ao sofrer o açúcar o impacto da recessão econômica, suas vicissitudes atingiram tentacularmente toda a vida econômica do Brasil e de Portugal. Daí o quadro desolador que o império apresentou nas últimas décadas do século XVII.

Na tentativa de contornar esta situação, buscou Portugal enfrentar a crise, primeiramente através do incentivo de uma política manufatureira, seguida depois pela política de incrementar sua exportação através do único produto cuja perspectiva no mercado internacional poderia reduzir o déficit da balança de comércio: o vinho. Para concretizar esta solução, Portugal lutou com a Espanha e com a França pela conquista do mercado inglês.

O problema do equilíbrio político da Europa, suscitado pela sucessão espanhola, favoreceu-lhe o monopólio do vinho no mercado inglês, selado através do Tratado de Methuen.

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