Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola; 1602-1686

Europa, dificilmente se ensinaria aos meninos mais do que isso. O grande Anchieta, que foi o guia espiritual do sistema educacional dos jesuítas nos dias pioneiros do Brasil, não tinha opinião muito favorável a respeito da capacidade da maioria dos estudantes da colônia, como se depreende de sua Informação de 1586. "Nesta terra os estudantes são tão poucos em número quão pouco é aquilo que aprendem, já por falta de capacidade, já por falta de aplicação. Tampouco a natureza aqui os ajuda, convidando-os antes ao desleixo, à preguiça e à melancolia, de modo que todo o tempo é perdido em festas, cantorias e folganças".(9) Nota do Autor

Os apologistas da Companhia nunca se cansam de citar os escritores protestantes, desde Bacon até Ranke, que exaltaram o sistema de educação dos jesuítas. Citam, dando sua aprovação, Macaulay, quando disse que "nenhuma comunidade religiosa produziu uma lista de homens que se distinguissem por tantos títulos". A esses preitos, de todos conhecidos, pode-se acrescentar o elogio feito por John Aubrey ao Dr. Ezreel Tonge, "que possuía uma excelente escola e seguia precisamente o método de ensino dos jesuítas, com o qual os rapazes aproveitavam admiravelmente"(10). Nota do Autor Os apologistas dos métodos de ensino admitidamente admiráveis da Companhia de Jesus raramente fazem referência à opinião de Macaulay em seu elogio dos jesuítas, como professores. É dele a observação, também acertada, de que "os jesuítas parece terem descoberto o ponto preciso até onde a cultura intelectual pode ser conduzida, sem o risco da emancipação da inteligência".(11) Nota do Autor

Foi essa, em dada época, a força e, ao mesmo tempo, a fraqueza da Companhia. Enquanto esteve na vanguarda do pensamento, como foi o caso nos dias de Loyola e seus imediatos sucessores, - as limitações por ela impostas aos seus discípulos, e a excessiva predileção pelas teorias de Aristóteles não constituíram problema. Mas, quando as ideias e as descobertas de Galileu, Newton, Huyghens, Bacon, Descartes, Hobbes, Leibniz e outros começaram a circular livremente e a serem discutidas no norte da Europa e na Itália, os jesuítas da península ibérica, por motivos políticos

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