Decorridos três quartos de século da guerra de Canudos, já é possível o juízo histórico a respeito dos fatos e das pessoas nela envolvidas. Ou melhor, só agora se poderá fazer o histórico daquele acontecimento que abalou a opinião pública e as próprias instituições políticas. Para dar-lhe relevo, porém, é preciso que surja novo Euclides.
Impõe-se a revisão cabal dos fatos e das pessoas. Pesquisa paciente e longa. Urge investigação integral e profunda. (6) Nota do Autor
Para os referidos estudos, o maior achado foi a obra manuscrita de autoria de Antônio Conselheiro e que pertenceu a Euclides da Cunha.
Este ano, ao prefaciar excelente trabalho do escritor cearense Caio Porfírio Carneiro, adiantei a síntese do meu pensamento a respeito de Antônio Conselheiro, que é o centro de toda a história de Canudos.(7) Nota do Autor
RECAPITULAÇÃO HISTÓRICA
Antes da análise externa e interna desta obra inédita de Antônio Conselheiro, convém fazer a súmula da sua vida. Para tanto vou servir-me de Euclides e de outras fontes.
Nasce Antônio Vicente Mendes Maciel na vila de Quixeramobim, província do Ceará, em 1828.
Lutas de sua família com outra eram fatos do passado, não atingiram sequer o seu pai, comerciante remediado e honrado, proprietário de algumas casas, na vila.
Coloca-o o pai na escola do professor Manuel Antônio Ferreira Nobre. Estuda aí português, francês e latim.(8) Nota do Autor