Quando contava vinte e sete anos, falece-lhe o pai. Requer em juízo o inventário dos seus bens, cujo acervo foi absorvido pelas dívidas. Como caixeiro que é do estabelecimento, assume a sua direção e toma conta das irmãs. Era órfão de mãe desde os seis anos de idade.
Em petição do próprio punho requer no inventário e obtém a anuência dos credores para a dilação do pagamento das dívidas, dando-lhes garantia hipotecária.
A 7 de janeiro de 1857, às 20 horas, contrai casamento na matriz de Santo Antônio de Quixeramobim.(9) Nota do Autor
Neste mesmo ano liquida a casa comercial e passa a lecionar português, aritmética e geografia numa fazenda vizinha.
Tenta melhor sorte em Tamboril, depois em Campo Grande. Aqui é de novo caixeiro, mas, passado algum tempo, o dono fecha a casa de comércio e ele se vê outra vez desempregado.
Diz Euclides da Cunha que foi escrivão de paz e solicitador.(10) Nota do Autor
Na verdade milita no foro em Campo Grande e Ipu, principalmente em Ipu, como advogado provisionado.
Neste importante município de Ipu, sua mulher foge com João da Mata, furriel da força pública da província.
Daí por diante, muda inteiramente a vida de Antônio Vicente Mendes Maciel.
Desde que liquidara a casa comercial, foi ascendendo a profissões mais elevadas, escrivão, solicitador, advogado.
Desfeito, porém, o lar, de modo tão oprobrioso, sua vida desdobra-se em duas fases. A primeira é a de instabilidade nos serviços a que se dedica e na contínua mudança de residência e de profissão, em numerosos municípios do centro e do sul da província. É até vendedor ambulante.
Tais circunstâncias tornam verossímil a suposição de que passou a procurar, por toda parte, a mulher e seu sedutor para vingar-se exemplarmente, tal o ódio aos traidores da sua confiança e maculadores do seu lar.
Não há outra explicação para a sua vida andeja. Sua presença é notada em muitos pontos do Ceará. Tudo, porém, em vão. Não os encontrou nunca.
Diz Euclides da Cunha que se passaram dez anos sem notícias suas.(11) Nota do Autor