autoridades civis e religiosas. Na linguagem de Euclides da Cunha, "eclipsando autoridades locais, o penitente errante e humilde monopolizava o mando".(18) Nota do Autor
Recebendo queixas de diversos padres, o arcebispo primaz da Bahia, D. Luís Antônio dos Santos, aos 16 de fevereiro de 1882, expede circular ao clero para que não tolere as prédicas do Conselheiro e evite a sua ação entre o povo.
Das autoridades civis, principalmente o delegado de polícia de Itapicuru, em 1886, dirige longo ofício ao presidente da província.
No ano seguinte, 1887, de novo o arcebispo da Bahia pede providências ao presidente.
Como ninguém lhe apontasse a prática de fatos criminosos, o presidente da província toma a iniciativa de oficiar ao ministro do império, solicitando-lhe a internação de Antônio Vicente Mendes Maciel no hospício de alienados do Rio de Janeiro. Mas o ministro não serviu de instrumento à perseguição e responde-lhe apenas que não há vaga.
PROPÕE-SE FUNDAR UMA CIDADE
Após a proclamação da República, desgostoso, pois era monarquista, o Conselheiro prefere recolher-se a local tranquilo em que lograsse a paz, atendendo também a que já é bem numeroso o grupo de pessoas que o acompanham na construção de cemitérios e igrejas. Não só os trabalhadores, como as suas famílias.
Escolhe para isto Canudos, antiga fazenda de criação, às margens do rio Vaza-Barris, abandonada completamente, sem viva alma. Além da sede, havia umas poucas casas.
Não busca a encosta, onde está a casa "grande" em ruínas; nem o píncaro a "cavaleiro dos assaltos". Não cogita de futura defesa. Procura o sítio para trabalho. A preferência é pelo vale do rio. O Vaza-Barris tem ali cem metros de largura. No estio, quando o leito é seco, há facilidade para as cacimbas.
Isto foi em 1893.