Antônio Conselheiro e Canudos

parte da longa caminhada pelas províncias de Pernambuco, Sergipe e nordeste da Bahia.

Além disto, constrói açudes em muitos lugares.

Duas oportunidades se lhe oferecem neste mister a que se dedicou por acaso, como vimos: Tal ocupação, em contacto com as manifestações religiosas do povo e autoridades, leva-o a voltar à crença antiga em que nascera e se educara.

Passa a ser não apenas o trabalhador peregrino, mas também o penitente, homem exemplar por suas virtudes. O povo admira-o e estima-o.

Muitos, movidos por este respeito e afeto, confiantes lhe desvendam o coração, quanta vez cheio do fel da vingança pelas injustiças curtidas.

É esta a outra oportunidade apresentada amiúde no exercício da sua profissão de construtor. Demove-os do erro de desafrontarem-se e oferece-lhes trabalho na construção que dirige. Cresce assim o número dos que o ajudam e o seguem de localidade a localidade. E em cada qual delas o povo todo o cerca de excepcional consideração.

Devido à já recordada escassez do clero, preside às orações da tarde e, já agora, conhecendo melhor a doutrina católica, prega com frequência.

De tudo isto resultou o tratamento que lhe dão de Conselheiro.(1) Nota do Autor Não é verdade que houvesse no sertão confraria hierarquizada: Irmão, beato, conselheiro. Mera fantasia.

Ausência de símiles nacionais ou estrangeiros

O seu, caso é singular, distinto, único; não se prende a qualquer uso ou costume, nasceu tudo assim espontaneamente, com o correr do tempo e a superveniência dos fatos. Não é preciso recorrer-se a teorias, a lucubrações cerebrinas, aliás afastadas dos acontecimentos históricos.

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