Sem dúvida sempre houve pregadores leigos. É da história do cristianismo. Cada qual, porém, com a respectiva crônica.
Daí o erro dos que invocam símiles estrangeiros ou nacionais para cotejá-los com a missão de Antônio Conselheiro.
Em vão vai buscá-lo Euclides da Cunha nas lições de Renan, nos primórdios do cristianismo.(2) Nota do Autor. Em vão ele e outros buscam analogia com o padre Cícero.
Quanto a este último inventam até a recíproca troca de emissários antes e durante a guerra. Aliás, é radical a diferença entre ambos. Basta analisar ponto por ponto a biografia de cada qual dos dois cearenses: Diverso o início do largo prestígio popular de ambos. Quanto a um, relatam milagres; nenhum milagre existe, porém, na vida do Conselheiro. Este não recorre nunca à política. Nem mesmo para beneficiar o seu povo.
Padre Cícero (1844-1934) é preclaro político. Por mais de uma vez eleito vice-presidente do estado; eleito deputado federal não assume a sua cadeira, que permanece vaga até expirar o prazo; com seu imenso prestígio depõe um presidente do estado. É consultado em política pelo governo federal.
Podemos concordar em que a atuação de Antônio Conselheiro, afinal de contas, é política. Nunca, porém, de política partidária, nem no império, nem na república.
Não havia obrigatoriedade do voto. Não precisam os seus, por isto, comprometer-se de alguma maneira.
Afirma-se levianamente que favorece nas eleições republicanas o partido do governador ou um ou outro candidato. Não há prova. Apoiar a república, jamais.
Por mais de uma vez escrevem a respeito do Conselheiro tanto Rui Barbosa como César Zama, não apenas adversários políticos, mas inimigos figadais. Não referem, entretanto, qualquer atividade político-partidária de Antônio Vicente Mendes Maciel.
Quanto à última fase da sua vida, então, desconhecem-se geralmente dados elementares, até mesmo o número de habitantes de Canudos. Engana-se também Euclides, ao calcular em cerca de duas mil casas as existentes no fim da guerra.(3) Nota do Autor Nem