o governo avalia que possa ser tão elevado o número. E o exército conta 5.200 casas. É que os canudenses vivem isolados, em paz, trabalham e constroem despreocupadamente.
Participar de eleições em outras localidades? Pensem um minuto apenas nas distâncias e nos princípios do Conselheiro. Meras fantasias quanto escrevem sobre tal participação em eleições. Nem ninguém disputa os votos dos conselheiristas, essa a verdade. Menos, ainda, existem ali capangas para recrutá-los os políticos.
O Conselheiro desde que penetra em Pernambuco tem profissão certa, conhecida e honesta e que lhe dá o suficiente para viver com decência, estudar e comprar livros. É autodidata. Aliás, das poucas notícias que chegaram até nós, sabe-se que, entre os salvados da destruição de Canudos, além dos dois manuscritos havia um livro de medicina.(4) Nota do Autor
Já não se duvida mais que seja "sertanejo letrado, capaz de exprimir-se correta e claramente na defesa de suas concepções políticas e sociais e de suas crenças religiosas".(5) Nota do Autor
Fundador de cidades
No começo do período republicano, demoravam cerca de 220 quilômetros ao norte do Salvador as fazendas abandonadas Dendê de Cima e Dendê de Baixo. Naquela, junto a uma Santa cruz, que rememora antigo assassínio, o Conselheiro localiza parte dos seus numerosos auxiliares e as respectivas famílias, em edificações por eles mesmos construídas. Reduz assim o número dos acompanhantes. Faz plantar, trazer alguma criação, escavar um tanque e edificar a bela igreja, dando-lhe por orago o Bom Jesus, dá sua especial devoção. É assim fundado o arraial do Bom Jesus, como narra o ilustre historiador José Calasans, e que é hoje o próspero município de Crisópolis.(6) Nota do Autor