Antônio Conselheiro e Canudos

manter quase vinte e cinco mil habitantes com o produto do saque.

Alvitram alguns que lhes rende o trabalho nas fazendas da cercania de Canudos, donde sairiam os "boias frias" daqueles tempos. As enormes distâncias não possibilitam semelhante processo.

Estas últimas conjecturas não deixam de expor os "fugitivos da justiça", sujeitos a serem presos, segundo o juízo que deles exaram os escritores de má vontade e nenhuma verdade. Lá não há fugitivos.

César Zama, político bem informado e de todo desapaixonado, registra com absoluta verdade que os habitantes de Belo Monte têm como renda principal o produto da exportação de peles para o exterior.(38) Nota do Autor

Manoel Benício assevera que "o maior comércio era o de couro, especialmente de bode e carneiro, que abundam como peste pelas caatingas".(39) Nota do Autor

Ainda o mesmo fiel cronista: "Há ali o sal da terra em quantidade suficiente para tempero e para suprir os inúmeros curtumes que ladeavam à beira do Vaza-Barris."(40) Nota do Autor

Este Manoel Benício, cuja obra volumosa (409 página) publicou em 1899, era capitão honorário do exército. É o primeiro jornalista a afirmar, logo na sua segunda correspondência para o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, que nada havia de monarquismo na guerra de Canudos. E faz críticas acerbas às operações militares.

Em sessão do Clube Militar foi aprovado, por unanimidade, veemente protesto dos florianistas contra tal afirmação, o que obrigou o referido conceituado jornal a substituí-lo por outro cronista, como publicou o próprio diário.(41) Nota do Autor

Leio no já referido opúsculo da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército que as cabras faziam parte da "principal atividade econômica da região", "grande parte em estado selvático".(42) Nota do Autor

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