Antônio Conselheiro e Canudos

Se tais fontes de informação referem a abundância de cabras naquele sertão da Bahia, muito melhor que elas o sabe Antônio Conselheiro, velho conhecedor de todo o nordeste do estado há pelo menos vinte anos.

Uma das fontes de Euclides, o tenente-coronel da força pública baiana Durval Vieira de Aguiar, em 1888, depois de referir-se ao Conselheiro cheio de má vontade e de falsidades, manifesta o seu desagrado inclusive pela carne de "bodes que por lá muito se criam".(43) Nota do Autor

Menciona que a indústria de Itapicuru (na mesma zona que Canudos) "consiste no curtimento de couros e seus respectivos artefatos".(44) Nota do Autor O mesmo verifica em Tucano.(45) Idem, op. cit., página 77.

A cabra é por assim dizer nativa naquela região. Introduzida pelos primeiros colonizadores portugueses, adapta-se de tal modo ao meio que é o único animal que a tudo resiste, à seca, à falta de vegetais, ao clima, desde o calor tórrido até o extremo frio, nas vinte e quatro horas. É a riqueza na miséria do sertanejo.

Antônio Conselheiro valeu-se desta fonte de riqueza e dela fez o esteio da vida econômica de Belo Monte.

Já escrevera Antonil no seu célebre livro Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas, publicado em 1711 e logo a seguir confiscado por ordem Del rei: "As fazendas e currais de gado se situam onde há largueza de campo e água sempre manente de rios ou lagoas."(46) Nota do Autor Refere Antonil "os rios em cuja borda se acham os currais da Bahia". É expressamente mencionado o rio Vaza-Barris. Acrescenta que na região "a carne e o leite hé (sic) ordinário alimento de todos".(47) Nota do Autor

Por fim, consigna a renda para a fazenda real proveniente da exportação dos couros: "Importam os meios de sola em réis 201:800$000", figurando logo depois do açúcar, do tabaco e

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