Pois é ele que tudo faz para destruir o malévolo boato espalhado pelo juiz de direito, de suposto ataque dos canudenses à cidade. Além do mais, conhece bem a têmpera do seu comitente. Aristides Milton, que estuda o assunto detidamente, diz que o coronel é que está com a razão: "Apesar do que fica exposto" — escreve em sua memória — "o coronel João Evangelista Pereira e Melo e outros cidadãos qualificados do Juazeiro não acreditavam nos boatos, que por toda parte circulavam, de intenções hostis atribuídas ao Conselheiro e seu séquito." Tentando acalmar os ânimos, excitados por novas progressivamente alarmantes, o referido coronel assegurava que o asceta de Canudos não penetraria na cidade, pois, "ainda quando acompanhasse a sua gente, seria com certeza para aguardar a remessa do tabuado em Jacaré, como já de outra feita havia praticado".(61) Nota do Autor
O comissário tem conhecimento comprovado da paz reinante em Canudos, da vida de trabalho produtivo que leva aquela gente e da integridade moral do Conselheiro, seu comitente na compra da madeira.
Os fardos de peles são embarcados para a capital e é preciso que se descubra quem seria o exportador para o estrangeiro.
Francisco Marques de Goes Calmon, na preciosa monografia publicada no Diário Oficial da Bahia, em comemoração à data baiana da independência, 2 de julho de 1923, estuda a vida econômica do estado, a partir da abertura dos portos do Brasil até o fim do século.(62) Nota do Autor
O ilustre e operoso então futuro governador da Bahia deixa-nos neste retrospecto da vida econômica e comercial do seu estado grande número de informações valiosas. Nele recolhemos alguns dados que poderão guiar o pesquisador na descoberta das provas da exportação da pele de cabra, indústria talvez única dos canudenses.
"Em 1897" — escreve — "atravessamos o mais triste momento da guerra de Canudos. O comércio importador soube auferir imensos lucros, com as necessidades urgentes que se fizeram sentir com o fim da provisão do exército nacional e das forças policiais de outros estados que aqui estiveram para a ingrata campanha."(63) Nota do Autor