a posse e o dominio de alguns palmos de terra. Em regra ele é rendeiro, agregado, camarada ou o que quer que seja; e então a sua sorte é quase a de um antigo servo da gleba." (1) Nota do Autor
As variantes históricas e as diversidades geográficas dos acontecimentos de 1874 e 1875 deslocam o Quebra-quilos desde tumultos singulares até uma onda de agitação, envolvendo sedições e revoltas que não se limitam apenas à área do queixume de Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque e abrangem quase todo o interior do Nordeste. Para sua exata compreensão é necessário um perfil da economia dessa região e parece-nos razoavelmente insuspeito o Estado Financeiro das Províncias, publicado pela Presidência do Conselho de Ministros, em 1886, síntese estatística das finanças nacionais na época. Sua leitura esclarece que Pernambuco e Paraíba já tinham um sério déficit em 1876-1877, e que continuaram a tê-lo. Algumas referências sobre o Nordeste são de impressionante atualidade, como, por exemplo, a de que "as provincias de Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Parayba, lutam mais ou menos, com a crise economica que as aflige e outras do norte do Imperio procedente da depreciação dos principais produtos de sua exportação e, em grande parte, da escassez destes; sendo já consideravel em relação aos respectivos recursos, as dividas de Sergipe e Parayba: mais ainda a desta ultima, talvez por má gestão dos negocios de sua Fazenda. Tem variedade de industria, de que tiram recursos, por meio de contribuições directas, aliás já tão exploradas nellas quanto é possivel; com lavoura rotineira e limitada e poucos generos de exportação, e estes mesmos d'aqueles que encontram formidavel concorrencia nos mercados de consumo; sem traços nem recursos para se atirarem a exploração de novas industrias, estas provincias não se podem considerar em via de prosperidade, antes correm o risco de ver agravada a sua situação.
A do Maranhão pelas mesmas causas, está em posição mais precaria ainda; talvez porque, sendo Provincia que já prosperou em tempos não muito remotos, torna-se mais sensivel o seu abatimento; tendo somente em seu favor o bom regimen financeiro, com que vai pairando sobre as dificuldades que a cercam".
Referindo-se ao Piauí, diz o Estado Financeiro das Províncias que a sua posição era estacionária, o que vale dizer que em nada se desenvolvera. As províncias de Pernambuco e Bahia são especialmente destacadas na análise, dizendo Carlos de Figueiredo, seu autor, que "são as que, pela posição importante, que já tiveram