constituida por apolices de juros de 7%, devia-se ao Banco do Brasil a importante somma de 1.800 mil-réis vencendo o juro de 8% e pagável em prazo curto, estando já vencidas duas prestações" (4) Nota do Autor.
Devia muito o governo pernambucano. Estavam por pagar as obras da atual praça da República e a construção do prédio da Assembleia Provincial.
Pernambuco dispunha de uma receita orçamentária pequena e mal arrecadada, que oscilava entre 1.800 mil-réis a dois mil mil-réis, porque os impostos, embora excessivos, eram arrematados por influências políticas, as mesmas que obtinham posteriormente na Assembleia Legislativa perdão ou abatimento de quantias financeiramente expressivas para uma província em decadência.
Não se poderá negar que foram saneadoras as medidas tomadas por Lucena para restaurar as finanças de sua província. Contra a resistência de amigos e adversários e até do próprio Inspetor do Tesouro Municipal e do Procurador Fiscal, criou coletorias em todos os municípios. Se, por um lado, a criação de coletorias racionalizava a exação, facilitando o fisco, por outro, antepunha aos olhos da inculta população sertaneja a máquina governamental num dos seus aspectos mais odiados. Daí o ataque às coletorias ter sido sempre uma tônica nas violências cometidas pelos quebra-quilos em suas repetidas investidas no interior pernambucano.
Em 1875, Henrique Augusto Milet iniciava nas páginas do Jornal do Recife uma série de artigos que, mais tarde, constituiriam o hoje raro e precioso opúsculo Os Quebra-Kilos e a crise da lavoura (5) Nota do Autor, editado no ano seguinte, obra fundamental para a análise, não somente do Quebra-quilos como também das dificuldades e problemas então enfrentados pelos agricultores nordestinos no ocaso do Império.
É extraordinariamente lúcida a visão de Milet em torno dos problemas da terra que adotou, como se ali houvera nascido. Falando nas peculiares circunstâncias do que ele chamava de nossa "officina social", assinala que, a partir de 1871, os meios de produção do Nordeste viviam o regime de crise permanente e que a indústria e o comércio, pela "liquidação forçada do capital empregado",