conta que em Pernambuco havia perto de dois mil engenhos, a média seria aproximadamente de seiscentos pães por engenho. São extremamente precisos os dados fornecidos por Milet relativos ao custo agrícola da matéria-prima que ia ser transformada nas unidades autônomas de produção:
Primeira limpa - $500
Segunda limpa - $400
Terceira limpa - $400
Semente (a 5$000 por carro) - $500
Corte e amarração - $660
Transporte para o engenho - $668
TOTAL - 4$328
Como o lavrador ou plantador tinha a meação do produto industrializado, o custo deveria portanto ser calculado em dobro, isto é, 8$656. Um senhor de engenho na época gastava aproximadamente 1$000 para transformar a cana, que lhe fora entregue, em um pão de açúcar. Operando um engenho de 5 horas da manhã às 10 da noite, obtinha, normalmente, 12 pães. O preço do açúcar, portanto, seria mais ou menos compensador se o produto fosse vendido a 2$200 a arroba. Observando-se os preços de então, vê-se que, de 1872 em diante, as cotações baixaram, sucessivamente, de 2$200 para 2$000, 1$800, 1$600, chegando mesmo a 1$500.
Se bem que essas considerações sejam de um economista dos fins do século passado, com as possíveis deformações de sua ótica especial de cavalheiro das "imperiais Ordem de Christo e da Rosa", como se autoidentifica Sérgio Augusto Henrique Milet, não se distanciam muito de enfoques contemporâneos.
A crise porém não se limita à zona açucareira. Terminada a Guerra do Paraguai, o algodão, em cuja área de plantio desenvolveu-se particularmente o movimento Quebra-quilos, também é um produto ameaçado. Os cálculos de Milet consideram impraticáveis lucros com esse produto, estando os preços abaixo de 8$000 a arroba. O algodão conservou-se, entretanto, sempre cotado a 7$000.
A herança secular da miséria do interior do Nordeste fora agravada, na década de 1870-1880, pelo fisco imperial que continuou a tributar o algodão e o açúcar com os mesmos impostos da